Luanda - No seguimento da revisão constitucional, realizada no ano passado, aventávamos que a proposta do Presidente da República, de alterar a lei no sentido de passarmos a ter um Vice-Presidente da República com os mandatos ilimitados, revelava “visão estratégica” do mesmo para um possível terceiro mandato (indirecto) pelas “portas do fundo”.

Fonte: Club-k.net

Depois de cumprido dois mandatos, em caso de vitória eleitoral, há dois eventuais cenários para o Presidente João Lourenco, se manter ou voltar ao poder, caso esta seja a sua vontade:


(1) Colocar em 2027, um “candidato presidencial decorativo”, e ele concorre como “numero dois” das listas do seu partido. Depois de eleito, e ANTES DA TOMADA DE POSSE, orienta o “presidente decorativo” a desistir/abandonar o poder. O mesmo reassume a presidência, cumprindo o mandato por completo como manda o artigo 132, da LC, precisando apenas a aprovação do TC de Laurinda Cardoso. A nova candidata a Vice-PR pelo MPLA, Esperança da Costa a candidata, tem o perfil indicado para promover esta devolução ao poder: Desafecto a política, lealdade e obediência a JL.


(2) No segundo cenário seria colocar um “candidato” e um “numero dois”, ambos decorativos ou de “faz de contas”. A LC determina que qualquer membro da lista de deputados do circulo nacional dos partidos ou coligação, é um potencial candidato a Presidência da República. O artigo 132 da constituição revista prevê que em caso de impedimento definitivo do “PR eleito”, ANTES DA TOMADA DE POSSE, sobe o “segundo” da lista do partido vencedor ou da coligação, ou qualquer um entre os candidatos da mesma lista, bastando apenas a aprovação do Tribunal Constitucional. 


Para este processo de "devolução" do poder, conta-se, para mais a frente, com duas potenciais candidatas a liderança de Angola (Esperança da Costa ou Carolina Cerqueira), e igualmente uma entidade (Laurinda Cardoso) no TC para aprovar a designação da substituição. Mais do que a promoção a mulher, o referido processo rumo a um “terceiro mandato indirecto”, caso seja a vontade de JL, é na verdade a INSTRUMENTALIZAÇÃO DAS MULHERES.

 

As hipóteses levantadas seriam bastantes arriscadas. Até lá, JL contaria com 73 anos. Fatiga devido a idade. O MPLA com 53 anos de poder. Nova geração na sociedade, forças armadas e segurança. Até lá a vontade de mudança fora e no interior do regime seria enorme e incontrolável. A perder o controlo do Estado correria o risco de ter um 'dayafter' a semelhança do seu antecessor.

José Gama