Luanda - Um dos dois jornalistas (o outro é William Tonet) visados no livro, Graça Campos garante que a autora de “Uma Vida de Luta – estórias esquecidas da história” responderá em tribunal pelo que considera “enxurrada de invencionices” a seu respeito.

Fonte: Club-k.net


JORNALISTA DIZ ESPERAR QUE MILUCHA NÃO GAGUEJE EM TRIBUNAL

Maria Luísa Abrantes (Milucha) escreve num polémico livro que “cruzou-se” com Graça Campos no início dos anos 90, altura em que o jornalista lhe teria pedido dinheiro a troco de textos laudatórios na imprensa.


Ao Club-K, Graça Campos foi de poucas palavras. “A minha primeira reacção à colecção de disparates da senhora Milucha está na minha página do Facebook. O resto é para ser tratado cara-a-cara, lá mais para frente, quando nos encontrarmos em tribunal”.


Desafiado a desenvolver um pouco mais o raciocínio, Graça Campos revelou: “ao contrário de muita gente, se calhar presa por rabos de palha, a minha tolerância para com as baboseiras da senhora Milucha é zero. Não tenho a menor tolerância para as idiotices dela. Por isso, já estou em campo com o advogado a preparar a competente acção judicial”.


O jornalista diz esperar que Milucha não gagueje em tribunal. “Embora tenha alguma tendência para isso, espero que no dia do julgamento a língua dela se solte o suficiente para repetir na minha presença as idiotices que amontoou no livro. Espero, sobretudo, que ela consiga levar como testemunhas as pessoas que lhe teriam garantido que sou bófia de quatro costados. Embora não viva em Angola, o meu irmão ainda é vivo. Quanto ao general Alberto Neto também não tenho notícia de que já nos tenha deixado”.


Quanto à tentativa de extorsão que Milucha lhe atribui, o jornalista recorda que em 1990, no pico do monopartidarismo, não existia imprensa privada. “Nessa altura, eu trabalhava no Jornal de Angola. Alguém com dois dedos de testa pode acreditar que sobreviveria para contar a história o jornalista que ousasse chantagear a poderosa mãe de filhos de José Eduardo dos Santos? Uma simples telefonema ao Adelino Marques de Almeida, à data director geral do Jornal de Angola, ou a Paulino Pinto João, director do DIP, não teria sido suficiente para me arrumar definitivamente? Não o fez porquê? Por certo que não foi por gostar dos meus olhos. Por outro lado, não existindo imprensa alternativa, onde é que eu publicaria textos eventualmente desfavoráveis à senhora?”.


Graça Campos considera-se uma vítima colateral de uma disputa em que Milucha elegeu como seus inimigos alguns dos principais colaboradores de José Eduardo dos Santos. “Quem sou eu no meio de ´monstros´ como Manuel Vicente, Kopelipa, Dino, Miala ou mesmo Edeltrudes? O meu nome é arrastado para esse disputa apenas porque para a Milucha é importante não limitar o campo aos homens que apoiaram o pai de dois dos seus filhos na construção do país que hoje temos”.


Para o jornalista, quem tenha de Angola apenas aquilo que é descrito no livro ficará com a impressão de que Milucha foi uma acérrima inimiga do roubo e do saque impunemente praticados no consulado de José Eduardo dos Santos.


“A senhora Milucha está a vender uma falsa imagem de si. Alguém tem registo de alguma declaração da Milucha feita em 2001 e 2002 quando eu e outros jornalistas do jornal Angolense quase fomos cremados por termos dado rosto às fortunas constituídas à custa do roubo e do saque? Onde andava essa senhora? Onde andava essa senhora quando, sem mais nem ontem, em 2004 o Governo colocou o canal 2 da TPA, um bem público, no colo dos seus filhos Tchizé e Coréon Du? Onde estava a agora intrépida lutadora contra a corrupção quando, do nada, os seus filhos se tornaram accionistas de bancos?”


Para o conhecido jornalista, não se deve ao acaso o momento escolhido por Milucha para o lançamento do seu livro.


“Claro que não. Neste momento as realizações do pai de seus filhos estão a ser comparadas com as do actual Presidente da República. É um bom momento para desviar as atenções dos fracassos de José Eduardo dos Santos. Se Milucha fosse séria, teria colocado o pai de seus filhos no centro do fracasso que foram os 38 anos da sua gestão. Mas, como vemos, ela se esforça por montar uma barragem em torno do seu ex e distribui as culpas apenas pelos seus antigos colaboradores. E eu, coitado de mim, sou arrastado para esse vendaval sem saber nem como e nem por quê”.


Por fim, Graça Campos lamenta ter gasto 15 mil kwanzas para comprar o livro de Maria L. Abrantes. “Comprei aquilo porque o advogado precisa como material de trabalho. Mas foi dinheiro mal gasto.  Alguns jovens podem excitar-se com algumas afirmações bombásticas da Milucha. Mas o que ela escreve é uma completa distorção dos factos. Alguém que escreve, por exemplo, que em 2004 quase não havia jornalistas angolanos com formação média ou superior ou tem alguns fios descarnados na cabeça ou é delirante. Em 1986, quando terminou o primeiro Curso Médio de Jornalismo, com curriculum de curso superior, a filha dela, Tchizé, ainda tinha dentes de leite. Como mãe de alguns dos filhos dele, Milucha partilhou segredos de alcova com o antigo Presidente. Se quisesse ser útil ao País, Milucha deveria registar para a História alguns dos segredos que o companheiro lhe sussurrou ao ouvido e assim ficaríamos a saber em bolsos de quem foram parar biliões de dólares roubados ao país. Ela sabe como foi dividido o produto do saque. Se, como se gaba, tinha influência suficiente para introduzir pessoas no círculo do Presidente, também é suposto que saiba como foi roubado o país. E, já, agora, seria interessante que não se ficasse apenas por quem ela disse ter introduzido no círculo presidencial. Seria também útil que ela nomeasse quem desgraçou”.