Lisboa – Pelo menos quatro das principais promessas que o Presidente da República, João Manuel Gonçalves Lourenço, apresentou neste final de semana na província do Zaire, constituem promessas já feitas na campanha eleitoral de 2017, e outras datadas do ano de 2015, deixadas pelo seu antecessor José Eduardo dos Santos (JES), segundo uma pesquisa do Club-K.

Fonte: Club-k.net


Centralidade do Mbanza Congo prometida pela terceira vez desde 2015

Diferente as outras províncias onde tem inaugurado obras na sua maioria deixadas pelo seu antecessor José Eduardo dos Santos (JES), a deslocação ao Zaire foi diferente uma vez que durante este mandato presidencial, o governo nada fez de novo levando João Lourenço a repetir as mesmas promessas de 2017, tal como a construção de um novo aeroporto, Refinaria do Soyo, Fabrica de Fertilizantes, e o futuro Hospital Geral, uma obra que começou a ser construída em 2014, mas que em 2016 foram paralisadas em 2016.

NOVO AEROPORTO INTERNACIONAL 

No ano de 2015, o governo anunciou o projecto de construção do novo aeroporto na localidade do Nkiende II, 35 quilómetros a oeste da cidade de Mbanza Congo, sem precisar o arranque das obras. Em Julho de 2017, durante a campanha eleitoral, o então governador províncial, José Joanes André, reiterou a construção do novo aeroporto que seria internacional por recomendação da UNESCO. Em 2019, o governo avançou com o concurso para as obras de construção.

 

Na deslocação recente ao Zaire, voltou a prometer aos habitantes o mesmo aeroporto anunciado desde 2015, garantindo que a sua finalização poderá estar concluída em 2024. “Vamos construir um aeroporto que permita que se possa fazer turismo cultural, que os cidadãos do mundo que também são donos deste património, sempre que quiserem vir visitar os sítios aqui na cidade de Mbanza Congo, o possam fazer sem necessidade de passar por Luanda”, prometeu o presidente garantindo que “procuraremos trabalhar rápido” para ver se, nos finais de 2024, “conseguimos ter esse aeroporto aberto ao tráfico internacional”.

REFINARIA DO SOYO

Em Junho de 2015, o então PCA da Sonangol, Francisco Lemos anunciou o arranque para a construção da nova refinaria do município do Soyo, prevendo que até 2017 a obra estaria concluída. Lemos disse também que a construção da refinaria do Soyo constava no programa do Executivo do Presidente José Eduardo dos Santos que visava a diversificação da produção, a redução das importação de combustível e a estimulação de outras indústrias como a petroquímica. O Projeto ficou suspendo mas seria retomado em Março de 2017, por decisão de JES que criou uma comissão multisectorial para acompanhar o projecto.

 

“Aqui para esta província do Zaire, quando digo que vamos continuar a trabalhar, vamos efectivamente construir a já anunciada Refinaria do Soyo. Não é só Cabinda que vai beneficiar de uma refinaria. A província do Zaíre vai ficar com uma refinaria maior que a de Cabinda”, garantiu neste final de semana, João Lourenço, realçado que “Para mim, o grande ganho deste projecto são os postos de trabalho que ele vai criar, quer na fase de construção, quer na fase posterior, ou seja, quando entrar efectivamente em funcionamento, já a funcionar como refinaria”.

FABRICA DE FERTELIZANTES

Em Junho de 2017, na véspera da campanha eleitoral, o ministro da Geologia e Minas, Francisco Queiroz viajou ao Soyo para o lançamento da primeira pedra para a construção de uma fábrica de fertilizantes nesta localidade. A mesma estava programada para arrancar no ano de 2019. O Jornal de Angola que cobriu a visita revelava tratar-se de um investimentos de 132 milhões de dólares.

 

Na sua recente deslocação, Joao Lourenco não só prometeu o arranque da mesma como a repetição do lançamento da “primeira pedra” que já fora feita há 5 anos.

 

Segundo voltou a prometer o líder do MPLA, “A província do Zaire vai ganhar ainda - e o lançamento da primeira pedra vai acontecer ainda este mês, creio -, uma grande fábrica de fertilizantes, que também vai dar emprego e vai resolver, em parte, a falta de fertilizantes que já começa a acontecer no mercado internacional, porque um dos países maior produtor de fertilizantes, fruto do conflito que se vive na Europa hoje, reduziu a sua produção e tem dificuldades de exportação para o mercado internacional. Estou a referir-me à Ucrânia”.

NOVA CENTRALIDADE

Em fevereiro de 2015, o presidente da empresa construtora ” Celtic Construction África, Guingen Liu, na presença do então governador José Joanes andré, anunciou as obras de construção das centralidades habitacionais dos municípios de Mbanza Congo e do Soyo, prometendo que teriam início em Junho daquele ano.

 

Em meados de Junho de 2017, durante a campanha eleitoral, o governo angolano voltou a anunciar a construção da Centralidade em Mbanza Kongo prometendo que seria construída no prazo de 12 meses. O lançamento da primeira pedra foi efectuada pelo então governador Joanes André na preencha do PCA da IMOGESTIN, Rui Cruz. A construtura chinesa “Celtic Construction África”, foi posta de parte e no mês de Julho daquele ano, o Presidente José Eduardo dos Santos, anunciou – por via de um despacho presidencial - a liberação de 32,8 milhões de dólares, entregues a OMATAPALO, para a construção das primeiras habitações.

 

Na visita deste final de semana, aquela zona do norte do país, João Lourenço voltou a fazer promessa de 2015. “Gostaria de anunciar a decisão de construirmos duas centralidades. Uma aqui na cidade de Mbanza Congo e outra na cidade do Soyo. Cada uma delas com 1.500 casas. Portanto, serão 3.000 casas, repartidas entre duas cidades: a cidade capital e a cidade do Soyo. Mas não nos ficamos por aqui”.

 

No fim, o líder angolano culpou o COVID-19, por coisas não realizadas durante metade do seu mandato presidencial. “O partido cujo Executivo, apesar da COVID - dois anos de COVID-19 não é pouco. Dois de cinco, é quase metade do mandato, não? Praticamente metade do mandato! Não se podia trabalhar... Por causa da COVID, estávamos todos fechados, mas o MPLA, por amor a este povo, na calada da noite, foi trabalhando”.

 

“Portanto, esse partido cujo Executivo não parou de procurar satisfazer as necessidades do Povo, mesmo com dois anos de COVID, que lhe deixou praticamente apenas metade do mandato disponível para trabalhar a sério, é o MPLA, só o MPLA, é que podia fazer isso”, declarou João Lourenço, garantindo que “O MPLA está a trabalhar seriamente nesses domínios: da saúde, educação, emprego, criação de emprego, água, energia, trabalhar para o aumento do poder de compra dos cidadãos”.