Paris - Um tiroteio no maior bairro da África do Sul, Soweto em Joanesburgo, fez 15 mortos num bar, incluindo duas mulheres. Para José Gama, activista e jornalista na África do Sul, a violência continua a ser uma das dores de cabeça do país, qualificando este crime como um ajuste de contas entre dois grupos rivais.

Fonte: RFI

"A África do Sul tem um histórico de violência decorrente do fim do apartheid e esta é uma das dores de cabeça que o país tem estado a enfrentar. Sobretudo nos bairros há muitas pessoas desempregadas, a África do Sul tem cerca de 60% da sua juventude no desemprego e estes têm a cultura de frequentar os bares e os bares são um género de tabernas. As pessoas vão para esse bares e quando bebem, alteram-se e e justamente isso que terá acontecido no Soweto", afirmou José Gama em declarações à RFI.

 

Na noite de sábado para domingo, 15 pessoas foram mortas e 10 ficaram feridas num bar no bairro de Soweto, junto a Joanesburgo. Os mortos e feridos têm entre 19 e 35 anos. O tiroteio terá sido levado a cabo por várias pessoas que saíram de um carro e começaram a disparar. Segundo os relatos de quem estava no local, as pessoas estavam a beber alegremente até ao tiroteio.

 

"Vive neste bairro um classe social de renda baixa e, tendo em conta, que estas tabernas são frequentadas por muitos jovens, terá havido ali alguma divergência de grupos e um atacou o outro. Se formos a ver, os cartuchos que a polícia encontrou no chão, das armas usadas neste crimes, indica que houve a presença de vários atiradores", indicou José Gama, jornalista na África do Sul.

 

Um pouco mais tarde, no bairro de Pietermaritzburg, um tiroteio fez quatro mortos. Este tipo de crimes são comuns, mas José Gama considera que o Governo tem de averiguar estes incidentes há que estes afectam a circulação de turistas, um sector importante da economia sul-africana.

 

"Este tipo de crime pode afectar e prejudicar o país porque nós temos aqui turistas e os turistas gostam de ir para as discotecas. No Soweto há um memorial em alusão ao 16 de junho, que foi o dia em que a polícia do antigo regime do apartheid reprimiu os estudantes, e se não se esclarecer bem este incidente, logicamente teremos aqui turistas a tentarem afastar-se do Soweto neste período", explicou.

 

Apesar de ser um crime comum, José Gama sublinhou que o facto de o tiroteio ter sido levado a cabo no bairro de Soweto é particular.

 

"O Soweto é um dos maiores bairros da Àfrica do Sul, mas é um dos sítios onde pouco se ouve falar de violência, porque as pessoas que vivem no Soweto nunca assaltam no Soweto, não cometem os crimes no bairro, porque sabem que as pessoas os apanharem, a medida de retaliação é bater ou queimar as pessoas vivas. Portanto, a tendência é cometerem os crimes fora da cidade", concluiu José Gama.