Benguela – O Presidente da República, João Lourenço, inaugurou hoje, quarta-feira, 20, na província de Benguela, dois parques de produção de energia solar fotovoltaica que inicialmente vão beneficiar mais de dois milhões de pessoas. O Chefe do Estado esteve acompanhado da Primeira-Dama, Ana Dias Lourenço.

Fonte: Club-k.net

Com capacidade de 285 megawatts (MW), num investimento superior a 300 milhões de euros, estes projectos de energia fotovoltaica foram adjudicados, em Março de 2021, nas localidades do Biópio e da Baía Farta, à construtora portuguesa MCA, no quadro da estratégia do Governo de produzir uma energia limpa e barata que pode ajudar a reverter os efeitos das mudanças climáticas.

Tendo uma potência instalada de 188, 8 megawatts de energia eléctrica, o suficiente para abastecer mais de um milhão de pessoas, a central fotovoltaica da comuna do Biópio, município da Catumbela, é o maior projecto de energia solar em Angola e totaliza 509 mil e 40 painéis solares.

Sabe-se que os dois parques fazem parte de um conjunto de sete, com uma capacidade total de 370 MWp, distribuidos pelas provincias de Benguela, Huambo, Bié, Lunda-Norte (em Lucapa), Lunda-Sul (em Saurimo) e Moxico (em Luena), que deverão estar operacionais até ao final do corrente ano.

Segundo informações fidedignas, os sete parques solares foram desenvolvidos em conjunto por um consórcio internacional composto pelas empresas "MCA" e "Sun Africa", estando a componente de engenharia e a respectiva construção a ser integralmente executadas pela MCA, permitindo fornecer electricidade renovável e limpa a cerca de 2,4 milhões de pessoas, contribuindo ainda para a redução anual de emissões poluentes de cerca de um milhão de toneladas de CO2 (dióxido de carbono).

Os parques solares permitem ainda eliminar a necessidade de consumo de cerca de 1,4 milhões de litros de gasóleo em geradores e produção térmica, com efeitos fortemente poluentes e que permitirão uma poupança muito significativa nas importações.

Quase 10 milhões de beneficiários nos próximos cinco anos

Na ocasião, o ministro da Energia e Águas, João Baptista Borges, revelou que a meta o Executivo é fazer com que mais de nove milhões de pessoas, sobretudo em zonas rurais, tenha acesso a energia eléctrica barata e limpa, nos próximos cinco anos, com a expansão dos projectos solares fotovoltaicos no país.

Segundo o titular da pasta, para o próximo quinquénio, o Executivo aprovou e já contratou obras que levarão energia a mais de nove milhões de pessoas, em 11 províncias: Lunda Norte, Lunda Sul e Moxico (Leste), Huíla, Cuando Cubando, Cunene e Namibe (Sul), Luanda, Cabinda e Malanje (Norte) e no Bié, Centro do país.

Assim, está assegurado um novo pacote de financiamento de mais de três biliões de dólares, que servirá para instalar um conjunto de painéis fotovoltaicos com armazenamento em baterias em 113 localidades, sedes municipais e comunais, incluindo redes de distribuição, iluminação pública e 967 mil novas ligações.

De igual modo, acrescentou que o plano inclui ainda a instalação de 448 sistemas rurais de abastecimento de água na parte sul de Angola.

Adicionalmente, disse que será feita a electrificação por extensão da rede eléctrica nacional em outras 12 localidades e a expansão da rede de distribuição existente em outras cinco áreas, que serão a periferia das grandes cidades.

Projectos futuros

A segunda central de energia solar, com 96 megawatts de potência para a rede eléctrica nacional, para beneficiar meio milhão de consumidores, foi construída na vila municipal da Baía Farta, numa área de 186 hectares, e contará com 261 mil e 360 módulos solares.

A meta do Governo é construir sete centrais de energia solar fotovoltaica, nas províncias de Benguela, com duas, Bié, Huambo, Moxico, Lunda Sul e Lunda Norte, totalizando 370 megawatts (MW) de capacidade instalada, num investimento superior aos 500 milhões de euros, financiados pela Agência de Promoção de Exportações da Suécia (SEK).

Desta forma, Angola juntar-se-á a países africanos com tradição na produção de energia solar, como Quénia, África do Sul, Argélia, Gana, Marrocos, entre outros.
A nível da despesa pública, a produção de energia eléctrica através de centrais solares terá como impacto a poupança de cerca de um milhão e 400 mil litros de combustível diariamente.

Hoje, estima-se que 60 milhões de pessoas usam energia solar como fonte de electricidade em África, um continente onde quase 87% das pessoas de baixa renda que vivem na área rural subsaariana não têm acesso à electricidade.