Luanda - O "caçula" de oito irmãos que foi ator e sonhou ser piloto promete governar com "angolanos competentes". O líder da UNITA é o penúltimo convidado da nossa série de perfis dos candidatos à Presidência de Angola.


Fonte: DW

Adalberto Costa Júnior, candidato da União Nacional para a Independência Total de Angola (UNITA) às eleições gerais de 24 de agosto, nasceu há 60 anos, mais concretamente a 8 de Maio de 1962, na localidade de Chinjenje, anteriormente pertencente à província angolana de Benguela e, mais tarde, anexada administrativamente à província do Huambo.


É o filho caçula de oito irmãos. Nasceu no seio de uma família católica, tipicamente africana, tendo a casa dos seus pais servido de abrigo a vários familiares e parentes. Em conversa com a DW, recorda "uma infância muito feliz", com "muitas crianças, uma família grande".


"Os meus primos todos cresceram em minha casa, o que me deu esta sensação sempre de querer muita gente em casa. Nós hoje estamos grandes, estamos crescidos, mas eu sou filho da minha família. O menino do mimo. Mas, de facto, com o andar do tempo, o menino do mimo ficou com a responsabilidade de olhar por todos.


Sendo o último, eu penso que beneficiei de ter a atenção dos pais e a atenção dos meus irmãos", afirma.


Aos 10 anos de idade, deixou a casa dos pais e ingressou num seminário católico. Frequentou o liceu e a Escola Comercial e Industrial em Benguela. Na sequência da revolução do 25 de Abril, em Portugal, e da proclamação da independência de Angola, a 11 de Novembro de 1975, que deu origem à guerra civil, por desentendimento entre os três movimentos de libertação nacional, o MPLA, a UNITA e a FNLA, "Beto", como é tratado pelos mais próximos, perde o contacto com os pais, ou melhor, com toda família.


Do palco ao palanque

Adalberto Costa Júnior é ator, uma das facetas não conhecidas do público. "Uma vez, talvez o ponto mais alto, eu levei ao Teatro São Luiz, em Lisboa, uma peça sobre a circuncisão africana", recorda. "Este lado cultural ajudou a crescer e manteve sempre Angola na proximidade".


Acabou por seguir Engenharia Eletrotécnica no Instituto Superior de Engenharia do Porto (ISEP), mas o sonho de infância era outro: "Quis seguir engenharia aeronáutica, estive quase numa lógica de caminhar para piloto de aviões".


Entrou para a política por influência do pai, Adalberto Costa, que era um militante da UNITA e que tinha sido preso e encarcerado na Cadeia Central do Cavaco, em Benguela, por ter sido apanhado com o cartão de militante.


O primeiro encontro com Jonas Savimbi, fundador da UNITA, foi um momento marcante, conta: "Quando o Dr. Savimbi visitou pela primeira vez o Huambo, ele visitou também algumas localidades e uma delas foi o seminário do Quipeio, onde eu estudava. Eu tive a oportunidade de conhecê-lo de perto, de conhecer
[N'Zau] Puna, e de conhecer a direção da UNITA toda, que foi ao seminário".

"Governar com os angolanos competentes"


No advento da instalação do multipartidarismo, foi designado por Savimbi como representante da UNITA em Portugal (1991 a 1996), tendo exercido as mesmas funções em Itália e junto ao Vaticano (1996 a 2002). Com a assinatura dos acordos de Luena, que ditaram a paz definitiva, integrou o Mecanismo Bilateral entre o Governo e a UNITA (2003 até 2008). Entre outras funções, exerceu ainda o cargo de porta-voz e de líder da Bancada Parlamentar da UNITA.


A 15 de novembro de 2019, Adalberto Costa Júnior foi eleito terceiro Presidente da UNITA. Sucedeu a Isaías Samakuva, que deixou a liderança do partido do "Galo Negro” após 16 anos. Mas, em outubro de 2021, o congresso da UNITA foi declarado nulo pelo Tribunal Constitucional. Repetido o XIII Congresso, os membros da UNITA voltam a eleger Adalberto Costa Júnior como seu presidente. "Governar com os angolanos competentes" é o chavão político do candidato da UNITA à Presidência da República.


"Eu tenho dito e eu não tenho nenhum problema dúvida em repetir ou nenhum problema, nós vamos governar com angolanos, angolanos competentes, os angolanos competentes não têm partido político. São angolanos competentes e, portanto, indiscutivelmente estou preparado para governar com todos, para Angola", garante.