Luanda - O ministro de Estado e chefe da Casa Militar, general Francisco Furtado, disse hoje que o exército nas ruas serve para proteger o povo e acusou a oposição de ter apostado numa estratégia de subversão para derrubar o governo.

Fonte: NJ

Falando hoje à margem da cerimónia de investidura do Presidente eleito, João Lourenço, que decorre esta manhã, junto ao Memorial Agostinho Neto, em Luanda, A ministra das Finanças angolana cessante, Vera Daves, disse hoje que o governo da próxima legislatura deverá "trabalhar o dobro e preocupar-se com as pessoas" para responder às expectativas, sobretudo porque as eleições foram muito renhidas.

 

“Temos que trabalhar o dobro e temos que estar todos alinhados com a visão do líder, o líder sozinho não consegue fazer tudo, e nós, que temos a missão de o auxiliar, temos que estar alinhados àquele que é o seu DNA, que é ouvir pessoas”, disse hoje aos jornalistas.

 

O próximo governo, acrescentou, “deverá preocupar-se com pessoas, ouvir e atender as expectativas das pessoas”.


“Se todos cerramos fileiras naquilo que é a visão do líder e se estivermos alinhados a esta visão, sem dúvida que, ao fim desses cinco anos, os resultados serão ainda melhores”, salientou.

Vera Daves falava hoje aos jornalistas na Praça de República, em Luanda, onde será investido o Presidente da República de Angola reeleito, João Lourenço, na sequência das eleições de 24 de agosto.

A mais jovem ministra angolana da legislatura cessante, disse também estar “sempre em prontidão combativa” para enfrentar qualquer desafio que lhe seja confiado pelo novo governo.

“Estou sempre em prontidão combativa, seja qual for a missão que me for confiada. Se me for confiada, eu vou entregar-me a ela com mesma paixão e empenho e estaremos aqui para os grandes desafios” assinalou.

“Procuro dar tudo o que tenho para o que estou a fazer, para que quem tenha apostado em mim não se sinta defraudado e se sinta orgulhoso pela aposta”, assegurou.

Sobre os atuais desafios mundiais, marcado sobretudo pela guerra na Ucrânia, Vera Daves deseja “navegar neste ambiente de forma mais tranquila possível”, tendo aludido ainda à “necessária” ajuda divina.

“E que Deus nos ajude nisso, para colocarmo-nos todos alinhados àquela que é a satisfação das expectativas das pessoas”, rematou.

Várias figuras, como o Presidente português, Marcelo Rebelo de Sousa, foram convidadas para assistir esta cerimónia de investidura de João Lourenço, na Praça de República, espaço adjacente ao Memorial António Agostinho Neto, primeiro Presidente de Angola.

O Tribunal Constitucional (TC) proclamou o MPLA (Movimento Popular de Libertação de Angola) e o seu candidato, João Lourenço, como vencedores com 51,17% dos votos, seguido da UNITA (União Nacional para a Independência Total de Angola) com 43,95%, tendo chumbado o recurso de contencioso eleitoral da UNITA.

Com estes resultados, o MPLA elegeu 124 deputados e a UNITA, que contesta os resultados e recorreu ao chumbo do TC e interpôs, na terça-feira, recurso de inconstitucionalidade, elegeu 90 deputados, quase o dobro das eleições de 2017.

Em face dos resultados eleitorais, o MPLA deve indicar igualmente dois vice-presidentes e dois secretários de mesa da Assembleia Nacional e na mesma proporção o partido UNITA.

O PRS, a FNLA) e o estreante PHA elegerem dois deputados cada.

A CASA-CE, a Aliança Patriótica Nacional (APN) e o P-Njango não obtiveram assentos na Assembleia Nacional, que na legislatura 2022-2027 vai contar com 220 deputados.

João Lourenço, reeleito Presidente de Angola para os próximos cinco anos, toma posse na quinta-feira, 15 de setembro, e os deputados eleitos serão investidos na sexta-feira. afirmou que “houve uma estratégia montada pela oposição”, procurando alegar fraude eleitoral, e considerou que há lideranças políticas que não estão preparadas para “a sã convivência em paz e segurança”.

“Quando se tem duas agendas, uma política e uma subversiva, tem de se compreender o que se quer”, disse, acusando a oposição de ter uma estratégia subversiva financiada a partir do exterior “para derrubar o governo”.

“Funcionou muito a cadeia das redes sociais para que as pessoas não fossem ao voto com receio de insegurança, não é porque o MPLA [Movimento Popular de Libertação de Angola, no poder] ou o executivo tenham falhado”, considerou o general, comentando a elevada abstenção nas eleições de 24 de agosto.


Disse, no entanto, que o MPLA “aprendeu a lição” e quer ”inverter o quadro e criar estratégias para contrapor a estas iniciativas que surgiram desde 2020”.

Quanto ao estado de prontidão combativa e presença de forças policiais nas ruas nos últimos dias, o militar disse que é normal nestes casos: "NNotamos desde há dois anos que havia uma estratégia de subversão da ordem e daquilo que é a soberania e é por estes aspetos que as forças têm de estar em prontidão. Qualquer nação só vale aquilo que for capaz de defender-se”.

No seu entender, estas situações podem ocorrer e que a população não tem de ter receio por o Estado estar a garantir a segurança das populações. Sobre a manifestação anunciada pela UNITA (principal partido da oposição angolana) para 24 de setembro declarou que o executivo autoriza as manifestações.

“O que não está concebido é que aproveitem as manifestações para fazer subversão. Não imagina a quantidade de pneus que nos últimos dois dias foram retirados e já estavam preparados para criar incêndios nas vias públicas”, frisou Francisco Furtado.

“Os cidadãos tem de ter confiança no Estado, nas suas forças de segurança e a polícia tem demonstrado isto numa colaboração estreita com as populações e as forças armadas não intervêm em questões de segurança pública”, prosseguiu.

Por isso, “as forças armadas estarão em prontidão para qualquer eventualidade de auxílio em caso de haver alguma situação de subversão armada, não para intimidar o povo, estão para defender o povo, estão para defender a soberania, estão para defender a nação e o Estado. A nossa missão é a segurança da população”, explicou.

Quanto à nova legislatura, espera que o executivo consiga implementar os programas que tem, já que não concluiu “nem metade” do que iniciou no primeiro mandato

“Temos de continuar a garantir que o país esteja seguro, haverá investimentos significativos s na componente da Marinha de guerra, Força Aérea e Exército, temos de manter o país em segurança para que haja incentivo aos investimentos”, disse, sublinhando que esta “tudo programado” e que o setor social não será prejudicado.

Quanto à possibilidade de ser de novo convidado para o governo, afirmou estar “sempre preparado” para as missões de que for incumbido

A praça da República foi-se preenchendo aos poucos com centenas de figuras, entre políticos e membros do executivo angolano, diplomatas e chefes de Estado, alguns dos quais chegados esta manhã mesmo como os Presidentes da República Democrática do Congo e da Guiné Equatorial.

O Presidente português, Marcelo Rebelo de Sousa é outro dos convidados para participar nesta cerimónia que tem início pelas 10:30 com a cheda de João Lourenço e a passagem em revista as tropas

João Lourenço será empossado pela juíza-presidente do Tribunal Constitucional, Laurinda Cardoso.