Luanda – As autoridades educacionais angolanas estarão a  manifestar preocupação sobre a presença de alunos que se apresentam com cabelo grande nas salas de aulas. Nas últimas semanas, tem surgido relatos de mães denunciando que os seus filhos estão a ser proibidos de entrar na sala por estarem com o chamado crespo.

Fonte: Club-k.net

Uma mãe Marisa Pascoal, postou nas redes sociais a imagem do seu filho Hugo que foi mandado para casa pelas razões citadas ao lado de um outro aluno mestiço, também com o cabelo grande mas que não está a ser incomodado visto que a instituição de ensino só tolera «cabelos lisos e cacheados, o crespo não, por alegada “questão de higiene”.

 

“O preto da foto é o meu filho Hugo, está em casa, impedido de assistir aulas no colégio Dona Joaquina e Sumbe, em Viana por causa do cabelo. A instituição só tolera cabelos lisos e cacheados, o crespo não por uma questão de higiene”, escreveu a mãe angustiada.

 

“Meu nome é Leonilde Gabriel, sou estudante do ensino médio no curso de ciências físicas e biológicas da escola 1230”, descreve uma adolescente esta semana denunciando que “nesta segunda-feira feira, fui retirada da sala de aula porque supostamente tenho o cabelo despenteado e o senhor professor diz que tenho de pentear, como podem ver na foto estou com fitagem, eu disse ao senhor professor que não tenho como pentear o cabelo e uma colega tentou explicar ao mesmo que não tem como pentear e o senhor professor disse o seguinte: quando vocês for professora podes permitir aos teus alunos”.

 

Reagindo sobre febre de proibição de cabelo grande nas escolas, o acadêmico Isaac Paxe, usou as redes sociais para contestar esta nova teoria descordando que cabelo grande esteja relacionado a questões de higiene.

 

“Cabelo crespo uma questão de higiene ?”, questionou Isaac Paxe, lamentando que “há gestores na educação que alegam que a birra do seu pensamento alienado sobre os cabelos dos pretos é uma questão de HIGIENE. Epah, para ai”.

 

De acordo com Paxe “O UNICEF há anos fez um estudo sobre a qualidade dos sanitários nas nossas escolas. E aquele estudo e a realidade nos mostra isso todos os dias que a grande questão da Higiene nas escolas, não só públicas, são os sanitários, a falta de pessoal e materiais de limpeza . Sabemos todos, apesar de muitos fingirem, que muita menina perdem aulas durante o período menstrual por falta de condições nas escolas. E sabemos também desse lugar como vector de doenças. A Covid destapou muita coisa”.

 

Já o jurista e docente universitário Domingos das Neves lamenta que o gosto dos dirigentes escolares de inventar problemas, porque no seu ponto de “o ministério da educação está mais preocupado com o cabelo dos miúdos do que com a inovação dos métodos de assimilação de conteúdos nas escolas. Esses dirigentes escolares inventam problemas de cabelo dos miúdos para justificar as próprias incompetências profissionais”.