Luanda - Demóstenes Amós Chilingutila é príncipe do reino de Viye (Bié), fundado pelo caçador Viye Vingongombanda da nação Humbi e ostentava a alcunha de Kapongo-Bongo com a princesa Kahanda da nação Songo fundado nos meados do séc. XVII com sede na embala do Ekovongo.

Fonte: Club-k.net

O nome de Chilingutila que ostenta é do seu bisavó Umbombo Chilingutila um nobre da corte do rei Cikunho Ndunduma que descende da linhagem directa de Kangombe Keyambe, Njamba Yemina, Cioka que em Agosto de 1890 quando tirava visgo de uma mulemba para apanhar pássaros com salalé, avistou uma coluna militar que se dirigia para embala do Ekovongo. Tratava-se então da coluna do capitão de mar e guerra Paiva Couceiro, Capitão Teixeira da Silva e do Alferes Arthur de Paiva que se dirigiam para atacar a embala de Ekovongo. O ancestral teve tempo de alertar a embala e as aldeias circundantes para depois refugiar-se junto do missionário William Sanders Henderson que tinha fundado a missão evangélica de Kamundongo (IECA) em 1884.


A coligação Paiva Couceiro, Teixeira da Silva e Arthur de Paiva bombardeou a embala do Ekovongo com artilharia Bóer transportada pelas carroças (atemba) do Holandês Petter Peorek. A campanha de bombardeamento continuou para as embalas de Tunda Civava, Tulumba, Bonga e Cissende. Na luta de resistência contra essa campanha destaca-se os nomes de Kapalandanda, Cinjembejembe Chamangongo, Kimba lia Kalunga, Cikungo Lui Katetula, etc.


O príncipe Chilingutila pertence a uma geração de jovens que na brasa da sua angolanidade e convocados pelo patriotismo dos seus antanhos Mutu ya Kevela, Ndunduma etc. saltaram para as trincheiras de luta pela liberdade e democracia partidária contra o socia imperialismo Russo-cubano que pretendeu instalar em Angola um regime monopartidário assente na ditadura do proletariado. Chilingutila, filho do seu tempo e da sua circunstância é uma lição de estoicismo, coragem, persistência. Arguto estratega, condutor de homens que deixou marcas indeléveis na história da guerra revolucionária o “Comandante Chimanioño”.


Um político polido pela luta revolucionária com uma acertada visão dialética dos fenómenos, como substrato das suas convicções profundas da sua indómita coragem que o elevaram e catapultaram a excecional cabo de guerra.


Todos os seus atos foram uma luta constante entre a razão da Pátria e imperativo da sua consciência que hoje invocam honra e orgulho pátrio. Soube qualificar os módulos e as engrenagens da hierarquia dos atores dinâmicos dialéticos, subjetivos e objetivos dos fenómenos da ciência da guerra de guerrilhas

Chilingutila morre no dia 24 de janeiro, dia das Ex FALA (Forças Armadas de Libertação de Angola) com o sonho da trasladação das ossadas do Rei Cikunho Ndunduma que se encontra em Cabo-Verde e a restauração do Reino do Viye (Bié) cujo o poder e glória perdeu-se em Dezembro de 1890 com a captura do Rei Cikunho Ndunduma numa cilada diplomática orquestrada por Paiva Couceiro, como também parte com ele o remorso de ver a capital da província do Bié com o nome de Kuito em vez de Bié ou Ekovongo
Estou certo que não falha, nem passa a saudade viva e merecida dos nossos companheiros que hoje descansam nas campas rasas. Esta saudade que é também sabedoria e coragem do sangue que pulsa nas veias da nossa determinação pela liberdade e pelo bem-estar comum na pátria do seu nascimento.
O eco das batalhas da liberdade invoca a nossa eterna saudade. Merece-lhe a honra, glória e a gratidão.

Por: Chipindo Bonga