Lisboa – O novo comandante provincial de Luanda Francisco Monteiro Ribas da Silva, está a ser apontado como sendo um dos comandantes de uma nova geração de oficiais comissários da Polícia Nacional que “do nada” enveredou pelas praticas de violência e repressão. Em meios que observam a transformação do oficial suspeita-se que seja forma de se insinuar ao regime do Presidente João Lourenço e cativar lealdade.

Fonte: Club-k.net

Em 5 anos de JL a PN  matou mais que nos últimos anos de JES

Francisco Ribas faz parte de uma classe de jovens intelectuais (da linha de Aristofanes Santos, Divaldo Martins, Diogo e Jorge Bengue) que na década de noventa foram enviados para se formar no Instituto de Ciências Policias em Lisboa. Regressados a Lisboa assinalou-se a sua ascensão até aos dias de hoje.

 

Em Outubro de 2022, Francisco Ribas foi nomeado comandante provincial de Luanda. Em menos de três semanas no novo cargo, estreitou-se com uma ordem de repressão contra uma marcha pacifica em Luanda, que exigia a libertação dos ativistas Luther Campos e Tanaece Neutro. A brutalidade contra contra os manifestantes aconteceu no dia 19 de Novembro resultando na detenção de mais de uma dezena de jovens e dois feridos graves.

 

Neste sábado (28), o comandante voltou a reprimir e pelo menos 5 pessoas foram detidas numa nova marcha pacífica pela justiça, liberdade, e que exigia novamente a libertação dos ativistas dos citados presos políticos. O trabalho dos jornalistas foi também condicionado.

 

Por conta dos seus actos de repressão, a ativista Laura Macedo escreveu a PGR queixando-se e ao mesmo tempo solicitando esclarecimento da violação de reunião e manifestação que esta plasmada nos termos da lei No 16/91.

 

Antes da sua nomeação e transferência para Luanda, Francisco Ribas, esteve por curto tempo na província do Huambo exercendo as mesmas funções. De acordo com relatos locais, o seu legado no planalto central ficou destacado por dois episódios de violência contra a população.

 

Registros indicam que no dia 28 de Outubro de 2020, os seus homens dispararam contra a sede da UNITA na cidade do Huambo, a fim de impedir uma vigília convocada pelo maior partido da oposição. Nesta operação cerca de sete cidadãos ficaram feridos dentre os quais o líder da juventude do PRS. No dia 11 de novembro do mesmo ano, o comandante Ribas mandou reprimir uma outra vigília promovida pela associação “Jango Cultural” resultando na detenção de 12 jovens. Os seus homens raptaram outros oitos activistas que seriam depois abandonados em locais distantes como Cambiote, na estrada que vai para a província do Bié, antes de Chicala Choloanga. “Graças a deus o comandante Ribas não mandou executar o jovens, apenas foram largados longe da cidade”, conforme lembra uma fonte local.

 

De entre os oficias que se formaram em Portugal, o recurso a violência contra jovens manifestantes eram então uma marca do jovem comandante Francisco Notícia Baptista, que havia se tornado no rosto da repressão na corporação quando exercia o cargo de comandante do Sambizanga, o que lhe valeu promoção.

 

A conduta de repressão adoptada pelo comandante Francisco Monteiro Ribas da Silva nos últimos anos é alvo de distintas interpretações. Em alguns meios refere-se que esteja a imitar o Francisco Notícia Baptista, mas também há quem refere que o facto de ser natural do Huambo, e para evitar que seja conotado ao maior partido da oposição que tem forte aceitação na etnia ovimbundo, o comandante Ribas, recorre na política de repressão como forma de atrair a sua atenção e lealdade ao regime.

 

A constituição angolana permite a manifestação e outras formas de protestos, porém, o regime angolano há mais de 20 anos que repreende cidadãos que saem as ruas para mostrar descontentamento alegando falta de autorização ou “manifestação ilegal”. O Antigo Presidente José Eduardo dos Santos assim procedia, e o seu anteceder endureceu mais havendo dados indicando que no primeiro mandato de João Lourenço a Policia Nacional matou mais que nos últimos cinco anos do consulado de JES.

 

João Lourenço não dá sinais de melhorar as suas politicas de direitos humanos educando a policia nacional, razão pela qual oficiais como Francisco Ribas e Noticias Baptista, interpretam que o recurso a violência contra a população seja um caminho para agradar o comandante-em-chefe, e com isso assegurar os seus cargos.