Lisboa - Um relatório de exame de DNA, preparado por uma equipa independente de peritos portugueses, indica que as ossadas entregues pelo governo angolano, à família do casal José Van-Dunem e Sita Maria Dias Valles, não correspondem a estas duas figuras que foram executadas nos massacres do 27 de maio de 1977, em Angola.

Fonte: Club-k.net

FAMÍLIA REJEITA FAZER ENTERRO COM  OSSADAS ALHEIAS 

A equipa que trabalhou neste processo de averiguação e autenticidade das ossadas foi contratada por Francisca Eugénia da Silva Dias Van Dunem, a irmã do malogrado Zé Van-Dunem, em meados do ano passado, quando a Comissão de Reconciliação em Memória das Vítimas dos Conflitos Políticos (CIVICOP) pretendia realizar o enterro antes das eleições de 2022.


Os trabalhos foram liderados por Duarte Nuno Vieira, um respeitado professor catedrático da Universidade de Coimbra, que é perito em antropologia forense.


Nesta segunda-feira, 20, a equipa comunicou à família das vítimas que as amostras das ossadas, fornecidas pelo governo angolano, não correspondem às personalidades que em vida se chamaram José Van-Dúnem e Sita Maria Dias Valles.


Segundo apurou o Club-K, a família programou, para as próximas 24 horas, a divulgação de uma declaração na qual contam apresentar a sua posição.


Para além do casal José Van-Dunem e Sita Maria Dias Valles, o governo angolano entregou também ossadas de outras personalidades executas pelo governo então liderado por Agostinho Neto, com destaque para Alves Bernardo Baptista ‘Nito Alves’ e Jacob João Caetano, mais conhecido por "Monstro Imortal".


No ano passado, duas filhas de Nito Alves terão também feito exigências quanto à autenticidade das supostas ossadas do pai, mas não foram atendidas pelas autoridades. As duas, que atendem pelo nome de Marília e Eunice Baptista decidiram distanciar-se do processo e não participaram das exéquias realizadas pelo governo.


Uma vez colocadas de parte, o governo — que deseja ver este assunto resolvido o mais breve possível — foi buscar uma suposta filha de Nito Alves, com uma outra mulher, mais um sobrinho (filho de um irmão do malogrado) que aceitaram recepcionar as ossadas e participar do enterro.


O comandante Nito Alves teve uma esposa, já falecida, que trabalhou como enfermeira no Hospital Militar de Luanda, com quem teve as duas filhas, Marília e Eunice. A ‘nova’ filha, Olívia dos Santos, descoberta pelo governo angolano, terá nascido da relação de uma outra mulher com quem Nito Alves se relacionou meses antes de ser assassinado.


Fontes que acompanham o processo, não põem em causa se é ou não filha, mas advertem que juridicamente a mesma não é filha de Nito Alves, uma vez que não foi registada pelo mesmo, nem mesmo a título póstumo, pelo que a sua posição não envolve a família.

De entre todas as famílias, a do comandante Jacob João Caetano, mais conhecido por "Monstro Imortal", foi a que mais flexível se mostrou, visto que em Setembro de 2021, o Presidente João Lourenço, elevou um sobrinho deste, Mário Augusto Caetano João, ao cargo de ministro da Economia do seu governo.