Lisboa - No seguimento das investigações que decorrem na Procuradoria-Geral da República (PGR), foi descoberto que o presidente do Tribunal Supremo, Joel Leonardo, ofereceu, ‘graciosamente’, a um dos filhos um apartamento apreendido pela justiça angolana, no âmbito do combate à corrupção.

Fonte: Club-k.net

O referido apartamento foi atribuído a Vanúr de Abreu Isaú Leonardo, e está localizado no novo edifício da Cidadela. Foi construído por uma empresa  Angosteel ligada a  Marta dos Santos de Sousa, irmã do falecido Presidente José Eduardo dos Santos, mas que depois foi confiscado pelo Serviço Nacional de Recuperação de Ativos (SENRA) da PGR.

 

Apoiando-se numa lei que permite aos tribunais ficarem com os 10% dos valores recuperados do combate à corrupção, foi estabelecido que os apartamentos do edifício da Cidadela ficariam com os juízes-conselheiros do Tribunal Supremo. Os apartamentos são tidos como de alta qualidade, visto que na sua construção participaram arquitectos portugueses, liderados pelo famoso construtor José Guilherme. 

 

Contrariando o acordado sobre o destinado a dar aos imóveis, o responsável máximo do Tribunal Supremo passou, a dada altura, a falsa informação ao Presidente João Lourenço de que “os apartamentos não tinham condições condignas para acolher os juízes conselheiros”. Joel Leonardo convence, então, o chefe de Estado, que viria a dar outro destino aos imóveis.

 

Em meados de 2020, Joel Leonardo colocou o nome de membros da sua família numa lista de funcionários do Tribunal Supremo para beneficiarem destes apartamentos localizados no novo edifício da Cidadela Desportiva, em Luanda.

 

Apesar de ter a casa de função no Condomínio Boavida, nos arredores do Benfica (na Via Expressa), o presidente do Supremo voltou a colocar o seu nome na lista para obtenção de um apartamento na Cidadela. O seu nome era o número um da lista.

 

Joel Leonardo incluiu, igualmente, na lista dos beneficiários o nome do filho, Vanúr de Abreu Isaú Leonardo, tal como o do seu genro, casado com a filha Amélia Jumbila Isaú Leonardo Machado.

 

Para além do filho, Joel Leonardo colocou igualmente na lista das casas um sobrinho, João Fernando Apolinário. Entretanto, tanto o filho Vanúr Leonardo, como o sobrinho João Apolinário, não são juízes, pelo que não poderiam beneficiar destes imóveis.

 

Desde que a PGR avançou com as investigações à volta da gestão de Joel Leonardo, surgiram informações, segundo as quais, este teria orientado o filho a sair e a arrendar o apartamento da Cidadela, para desviar as atenções dos investigadores. E suspeita-se ainda que o presidente da corte suprema angolana tenha guardado muitos documentos comprometedores num destes apartamentos.