Luanda - Era coordenadora do curso Médio de Jornalismo no Instituto Médio de Economia de Luanda (IMEL) a saudosa e mui exigente pedagoga Gabriela Antunes.

Fonte: Club-k.net

Com os seus bafos, fazia-nos tremer que nem varas verdes, ante o frio que emana das orvalhadas da madrugada.

 

Quando víssemos o seu Volkswagen amarelo a irromper pelo portão da escola adentro e estivéssemos na “Mutamba” ou a pulular, qual “Alice no País das Maravilhas”, pelos corredores sem um destino concreto, fugíamos a correr quais “pés de vento”.

 

É que os ralhetes de Gabriela Antunes indispunham qualquer um. Até aqueles que tinham uma aparente calma, coragem ou indiferença à prova de bala.

 

Estávamos, na altura, a “ouvir” o “canto do cisne” de 1991 e a vislumbrar o dealbar do ano seguinte, que testemunharia a realização das primeiras eleições multipartidárias em Angola.

 

Adiante. O jornalista João Pedro era o professor da cadeira de “Introdução ao Jornalismo”.

 

Ele ensinou-nos que o Dia do Jornalista era a 8 de Setembro, data em que se assinalava a morte do jornalista checo Julius Fucick, condenado à morte por enforcamento pelo regime nazista de Adolf Hitler.

 

Anos mais tarde, fiquei a saber que aquela era uma efeméride avocada e celebrada apenas nos países de orientação política e ideológica comunista.

Soube, anos depois, que nos países democráticos, o Dia Internacional do Jornalista assinalava-se a 7 de Abril.


Portanto, num dia como hoje.

Destarte, quero, a partir do Hemisfério Norte, mandar um forte amplexo a todos os jornalistas angolanos e estrangeiros pelo mundo afora, tendo sempre presente que quando a política “da para o torto” e surge a guerra, eles são sempre às primeiras vítimas.

Os jornalistas estão sempre na linha da frente. Eles são vítimas de sicários vários quando denunciam abusos de Direitos Humanos, desvios políticos e constitucionais de uma Nação.

Os jornalistas são alvos de forjados processos judiciais e calúnias políticas quando acicatam com a sua pena e o seu saber os poderes instituídos.

Por isso, a todos os jornalistas que, às vezes, por dever de ofício e moral, fazem mais oposição ao “establishment” que os partidos políticos na oposição, contribuindo, destarte, para a sedimentação do processo democrático e de paz no País, a minha reverencial vénia.

Quero externar, por esta via , o meu respeito e consideração a todos aqueles que me incentivaram a abraçar este ingrato, mas apaixonante metier.

O meu preito a todos os jornalistas que com as suas argutas e afiadas penas, nos idos de 90, tiravam o sono ao Presidente José Eduardo dos Santos e aos seus colaboradores.

Quero dar, por este meio, público testemunho do meu reconhecimento a todos aqueles que me tirocinaram nesta profissão como Dário Mendes de Melo (in memoriam) - meu amado e inesquecível mestre e mentor -, Octaviano Correia (in memoriam) Africano Neto, Isaac Neney, Fernando Nogueira, Drummond Jaime, Pericles Neto (in memóriam), Arlindo Macedo, Alexandre Gourgel (in memoriam), Avelino Henriques, Gilberto Júnior (Man Gibas), Silvia Milonga, Armando Francisco, Manuel Luciano, João Miguel das Chagas, Victor Aleixo, Ramiro Aleixo, Carlos Miranda (Cuca), Eugénio Diogo (in memoriam), Américo Gonçalves (in memoriam), Reginaldo (Telmo Augusto) Silva, Ricardo de Mello (in memoriam) William Tonet, Graça Campos, Manuel da Costa (Costinha), Ilidio Manuel, Salas Neto, Pedro de Almeida (Nsolele Kimpuanza), Victor Carvalho, Luís Costa, Gustavo Costa (in memoriam), Pires Ferreira (in memoriam), Filomeno Manaças, Osvaldo Gonçalves, Manuel Correia, Luísa Rogério, Aguiar dos Santos (in memoriam), Antonio Piçarra, Mário Paiva, António Freitas (in memoriam), Orlando Castro, Xavier de Figueiredo e muitos outros, cujos nomes se mantêm on-line na minha memória.

Reitero, amados mestres, um forte abraço do garoto de ontem que, apesar de feito homem (e não homem feito, por enquanto) continuará a ser Vosso eterno e humilde aprendiz.

Bem-haja e longa vida aos jornalistas e ao Jornalismo!