Posicionados em campo num combativo 1X4X5X1, os Cranes amansaram os Palancas Negras que, no regresso ao habitual 1X4X4X2, erraram muitos passes. Fica, pois, adiado o sonho da desforra, depois de, há uma semana, o Uganda ter vulgarizado Angola com um convincente 3-0, em Kampala. Após a disputa da primeira jornada da segunda volta, Benin comanda o Grupo 3, com nove pontos, seguido do Uganda e Angola, ambos com sete pontos.

Confusos na zona de construção de jogo, os Palancas Negras hipotecaram ontem, com o empate sem golos frente aos Cranes do Uganda, no Estádio dos Coqueiros, que rebentou pelas costuras, as hipóteses de qualificação para a fase derradeira da corrida ao Campeonato do Mundo de 2010, na África do Sul.

Preparado para ser um final de tarde de segunda-feira festivo, o dia de ontem anoiteceu cinzento, porque a Selecção Nacional não soube retribuir o apoio do público, que voltou a ser um só povo e uma só nação por uma causa de todos.

Faltou engenho aos comandados de Oliveira Gonçalves para materializar o desejo nacional de ver devolvida a desfeita de há uma semana em Kampala, quando o Uganda derrotou a selecção mais credenciada do Grupo 3, por números que roçaram a goleada, e, com uma exibição a todos os títulos convincente, devolveram à realidade terrena um grupo extasiado pelos progressos competitivos.

Os Palancas Negras foram muito pequenos diante da hercúlea tarefa de derrotar a bem estruturada equipa ugandesa. Aliás, Laslo Csaba, o húngaro que orienta os Cranes, disse no final o que competia a Oliveira Gonçalves assumir: “Angola não mostrou nada. Errou muitos passes e esteve mal tacticamente”.

Talvez por ter assistido a outro jogo, o seleccionador angolano elogiou a exibição do combinado nacional. Na verdade houve vontade de vencer, mas a escolha do caminho para atingir tal desiderato é que não foi a mais recomendada.

Tudo começou na definição da equipa. A troca de Love Cabungula por Pedro Mantorras, já nos balneários, segundo mostra a constituição oficial dos Palancas Negras, foi um erro de “casting” do seleccionador que a prática tratou de confirmar, pois o avançado do Sport Lisboa e Benfica esteve longe de constituir ameaça para estrutura defensiva do Uganda.

No cortejo de erros, Oliveira Gonçalves não conseguiu, com argumentos tácticos, retirar a equipa do colecte de forças montado por Csaba. Foi no meio-campo, o palco das disputas decisivas do futebol, onde os Palancas Negras empataram o jogo.

Ao confundir fome com vontade de comer, a Selecção Nacional gastou tempo em correrias desenfreadas, sobretudo no primeiro tempo. Com Gilberto a fugir dos terrenos de organização de jogo, a equipa facilitou a tarefa ao opositor.Image

Posicionados em campo num combativo 1X4X5X1, os Cranes amansaram os Palancas Negras que, no regresso ao habitual 1X4X4X2, tentaram iludir o público com acções mal programadas. Não se viu a estratégia de jogo que Oliveira Gonçalves tanto escondeu ao longo da semana de preparação.

Depois do desacerto colectivo do Mandela Estadium de Kampala, que ditou a derrota por 1-3, a Selecção Nacional teve em casa uma crise de ansiedade. Mendonça foi a unidade mais produtiva da equipa, enquanto Job e Love Cabungula contrariaram em campo a condição de suplentes.

Agora é hora de voltar a pegar na calculadora e fazer as velhas contas de somar. Será imperioso vencer o Benin a 7 de Setembro, em Cotonou, e no fecho da campanha conquistar os três pontos na recepção ao Níger, o parente pobre do grupo, para que os Palancas Negras estejam, na pior das hipóteses, entre os oito melhores segundos classificados.

Ficha técnica

Recinto: Estádio dos Coqueiros.
Assistência: Lotação esgotada. Mas de oito mil espectadores.
Árbitro: Mana Sule Alex (Nigéria).

Árbitros assistentes: Sani Zubairu e Iroro Andrew Amadium (ambos da Nigéria).

Quarto árbitro: Odeniran James Oluyemi (Nigéria).

Angola: Lama; Jamuana, Rui Marques, Locô e Yamba Asha; Mendonça, Gilberto, André Makanga (cap.) e Zé Kalanga (Job, 57 min); Pedro Mantorras (Love Cabungula, 52 min) e Flávio Amado (Vado, 79 min).
Treinador: Oliveira Gonçalves (angolano).

Acção disciplinar: Nada a assinalar.

Uganda: Denis Onyongo; Andy, Batebaire, Kizito, Secaja (cap.) e Bangole; Serumaga (Bajope, 75 min), Simione (Seaunkuma, 90 min) e Sepuya (Geoprey, 62 min); Obua e Tabula.

Treinador: Laszlo Csaba (húngaro).

Acção disciplinar: Cartões amarelos para Sepuya (50 min), Andy (53 min) e Denis Onyongo (90+2 min).

Resultado final: 0-0.

* Honorato Silva
Fonte: Jornal de Angola