Luanda - O Presidente angolano apelou hoje à comunidade internacional para que "não dê sinais ambíguos" no seu posicionamento face à "tomada do poder por meios inconstitucionais", abstendo-se de atitudes que sejam interpretadas pelos golpistas como de encorajamento.
Fonte: Lusa
A posição foi hoje expressa por João Lourenço quando discursava na Cimeira de Chefes de Estado e de Governo do Grupo 77+China, que decorre em Havana, capital de Cuba.
João Lourenço sublinhou que tem-se assistido, "com bastante preocupação", em África, ao alastrar de ações de terrorismo e ao surgimento de golpes de Estado perpetrados por militares e que mereceram a condenação da União Africana e da comunidade internacional no geral.
"É importante que essa mesma comunidade internacional não dê sinais ambíguos face à tomada do poder por meios inconstitucionais, devendo abster-se de atitudes e comportamentos que desautorizem as organizações regionais e continentais e que possam ser interpretadas como de encorajamento aos golpistas", exortou o Presidente de Angola.
Segundo o chefe de Estado angolano, é essencial que se coloque ênfase no papel atuante e ativo que o G-77 pode desempenhar na criação de uma visão equilibrada sobre os factos políticos contemporâneos que geram tensões, que, muitas vezes, degeneram em conflitos de grande escala.
"Como o que ocorre no leste da Europa e em relação ao qual não nos podemos mostrar indiferentes, por se tornar imperativa a necessidade do respeito da Carta das Nações Unidas e das normas do Direito Internacional e criar-se o ambiente propício a negociações que levem ao fim definitivo da guerra entre a Rússia e a Ucrânia", destacou.
João Lourenço aproveitou a ocasião para felicitar o Governo de Cuba pelo facto de aquele país do Caribe ter sido escolhido para presidir ao Grupo dos 77+China, expressando o apoio de Angola, com a convicção de que todos juntos vão prestar um contributo significativo ao fortalecimento da organização.
"Gostaria de reiterar, desde já, o nosso firme compromisso de trabalhar com Cuba e com os outros Estados-membros para reforçar a unidade e a solidariedade do Grupo, com a finalidade de alcançarmos os objetivos de defesa coletiva dos nossos interesses e os de promovermos uma agenda de desenvolvimento comum na arena internacional", vincou.
O chefe de Estado angolano reiterou a "necessidade do fim imediato do embargo contra Cuba, por ser injusto, desumano, contrário aos princípios do comércio e cooperação internacional, do direito inalienável da autodeterminação e da livre escolha dos povos sobre o seu destino".