Luanda - Os riscos de escravatura estão aumentar e não é só a China que surge associada aos negócios da corrupção, do trafico de influencias que tem recebido várias denuncias de escravatura moderna em Angola. Mais de 30 trabalhadores angolanos da empresa industrial JOIA FEF proveniente da Eritreia e Índia, localizada na nova urbanização da vila cativa, centralidade de Cacuaco, uma indústria que produz fraldas, guardanapos, pensos e papeis higiênicos voltam a denunciar "escravatura moderna", a não constituição de um sindicato, falta de alimentação, contrato de trabalho, reivindicação, água potável, subsídio, salário condigno há mais de 6 anos.

*Elias Muhongo
Fonte: Club-k.net

Os trabalhadores angolanos voltam a denunciar esta quarta-feira, 10 as condições de "escravatura moderna" na indústria estrangeira JOIA FEF, algo que o governo diz estar a combater, mas os riscos de escravatura moderna continuam aumentar em Angola.

As denúncias são feitas por trabalhadores angolanos em que estão anos e anos, sem direito há uma área sindical, falta de alimentação, contrato de trabalho, reivindicação, água potável, subsídio, salário condigno há mais de 6 anos, por cima são submetidos a trabalhos forçados como se de escravos se tratassem e pernoitam nas latrinas.

Segundo os denunciantes, já se dirigiram a direcção da Inspecção Geral do Trabalho, o organismo governamental que vela por direitos e deveres de empregados e empregadores, diz não ter conhecimento de situações concretas, mas foram orientados a escrever uma carta das situações que estão a viver.

"Estamos a viver uma verdadeira escravatura moderna e ditadura dentro desta empresa. Os trabalhadores aqui não podem discutir os seus direitos é tido como rebeldes e são expulsos. Neste momento estamos a no sentir autêntico escravo, temos estado a denunciar desde os tempos da COVID-19, por exemplo eu como porta-voz desta revolta, sou trabalhador da indústria desde que foi inaugurada em 2017, pela Ministra da Indústria Eng., Bernarda Gonçalves Martins, esta empresa pertence mais a um grupo de Eritreus, facto é que os nossos empregadores não respeitam a nossa lei angolana.

Aqui trabalhamos das 7h:00 as 18 horas, das 18 horas as 7h:00, gestantes e mães, com filhos menores, todos trabalhamos e cumprimos o mesmo horário. De tantas denuncias que temos feitos, as autoridades do Município de Cacuaco fazem vista grossa, visitam a indústria, são convidados a entrar no gabinete e tudo se resolve lá́! Nada muda. É muito triste o que passamos nesta empresa JOIA FEF.

O motivo da nossa revolta, desta vez foi mais uma vez ver os nossos subsídios repartidos ao meio, no princípio da inauguração alguns trabalhadores tinham contrato de seis meses, mas, infelizmente, já a caminho de 7 sem renovação. Quem tenta reclamar, sofre retaliação pelos superiores da empresa", disse, o porta-voz dos trabalhadores.

As denuncias são feitas apenas por 30 trabalhadores, numa indústria onde trabalha mais 286 incluindo expatriados, o silêncio das angústias de tantos angolanos em situação precária ainda aguenta o que suportam para garantir um salário ao fim do mês.

"Estamos a falar das piores condições laborais que existem dentro desta empresa, é sim uma escravatura autêntica e algo que o governo diz estar a combater, os nossos políticos angolanos falam de liberdade, falam de direitos, falam de desenvolvimento humano, mas infelizmente, estamos a andar de marcha atrás, estamos a perder rapidamente tudo aquilo que conquistámos depois da Independência Nacional Total de Angola.

Nós, os residentes (angolanos) não temos voz. Hoje estamos cada vez mais limitados nas nossas liberdades e nos nossos direitos, apenas temos obrigações, somos hoje mero sustentáculo desta indústria, temos direito a viver enquanto tivermos capacidade para trabalhar, para produzir, até ao dia em que nos acaba o prazo de validade, porque o Estado angolano não consegue fiscalizar as empresas privadas e Estatais devido os tráficos de influência, choraminga, o representante dos trabalhadores.

Acrescenta que " quando apresentamos a nossas insatisfações a única resposta que deram é: "quem quer trabalhar, trabalha e quem não quer, vai embora!" Neste momento começaram a recrutar o novo pessoal e estamos a correr riscos de ser expulsos por se revoltar do subsídio completo, e por fazer esses descontos sem nenhuma satisfação. Por isso decidimos mais uma vez denunciar e reivindicar condições de trabalho, turno sem subsídio, sem alimentação, a higiene é péssima.

O Club-K contactou o responsável dos Recursos Humanos da empresa JOIA FEF, Martins Da chala, para o efeito do contraditório, mas, infelizmente, recusou-se a falar e alegando que não tem a autorização de dar informação sobre o assunto apenas representa a indústria na ausência do responsável máximo que se encontra no exterior do país.