Luanda - A paz é vida porque é transversal a tudo que afeta a natureza humana.E, para os angolanos, o 4 de abril não devia ser celebrado, antes devia ser apenas um dia de reflexão por estarmos a viver numa sociedade onde a cada dia que passa as assimétrias se aprofundam. O 4 de abril faz-nos, recuar no tempo e reavivar o nosso passado histórico recente, e este 4 de Abril de 2024 será dedicado a uma palavra que ficou ausente do ponto de vista prático no seio dos angolanos durante 27 anos. Desde 1975 a 2002. Depois de termos conquistado a independência.

Mas afinal, o que é a paz?
E o que é a independência?

A paz é a ausência de conflitos ou violência.


Mas a paz tem um sentido muito mais amplo e profundo do que a ausência de conflitos ou violência. No caso de Angola, falta-nos a paz social, que se consubstancia na falta de serviços públicos como: Bons serviços de saúde, segurança pública, educação de qualidade e igualdade de oportunidades. Este último devia ser a principal métrica que pode-se interceder -se com imparcialidade para avaliar e admitir qualquer cidadão sem olhar para cor partidária, origem étnica, nacionalidade, cor de pele e assim por diante .


O saber e a competência deviam ser o valor primordial a mensurar. A implementação de políticas públicas com investimentos em grande escala em sectores chaves como a agricultura e indústria deviam ser prioridade, a peser de ser o foco do governo angolano mais é preciso continuar a olhar para este sector com maior atenção por ser chave do crescimento económico de qualquer nação que se preze pela diversificação da economia.


Reconhecemos que a guerra que o país mergulhou há 22 anos, criou grandes retrocessos, queira do ponto de vista de capital humano, de infraestruturas, económica, e desestabilização das famílias angolanas que até hoje existem feridas e cicatrizes profundas resultantes do conflito armado que o país viveu, que precisam de ser saradas. O diálogo permanente que se pede desde o calar das armas, devia começar dentro das agremiações partidárias, assumindo os seus atuais líderes uma postura mais aberta e inclusiva a todos os militantes que se sentem feridos no seu espírito a ter voz para poderem expor as suas mágoas e ansiedades em fóruns próprios criados ou que seriam criados para o efeito, sem dúvida seria o caminho ideal para uma verdadeira reconciliação nacional.


Os três partidos que lutaram para a independência, FNLA, MPLA e a UNITA, e, sobretudo o MPLA e a UNITA, têm responsabilidades acrescidas nesse processo de pacificação e reconsilhação.


As famílias por sua vez seriam positivamente influenciadas com este tipo de iniciativas. Uma vez, existirem ainda neste país irmãos que pertencem ao mesmo pai e mãe que passado 22 anos de paz não conseguem se relacionar de forma harmoniosa porque militam em partidos diferentes. Vez após vez, proferem acusações mútuas de que seu partido durante o conflito armado matou parentes próximos.


Conheço casos em que o parente morto é o pai ou a mãe. No interior de Angola a rivalidade político- partidária continua a dividir muitas famílias e comunidades.


Por isso, respondendo a pergunta acima, afinal o que é a independência?
No caso de Angola é o facto de ter ganho o direito de governar-se a si mesma sem depender da autoridade de outrem.

Paz na cultura


A cultura, que se consubstancia na feitura da arte a todos os níveis está mutilada ou quase não existe.


A idiossincrasia de um povo está na sua cultura. Sobretudo na sua língua, tenho estado a debater muito sobre esta questão com regularidade, sou de opinião que o Ministério da Educaçáo,devia ser chamado, Ministério de Língua,Cultura e Educação.


E nós somos ricos neste aspecto por termos uma diversidade infinita de línguas, sustentadas com histórias, provérbios, canções e rituais únicos para cada situação específica. Permitir-se a investir nesta área é ter paz. A paz é um bem imprescindível, é como ar que respiramos. Um país cuja cultura é difusa e para agravar não é absorvida pelos seus cidadãos com respeito e reconhecimento é um país sem identidade. A cultura devia ser o nosso molde principal do nosso modus vivendis. Isso se reflectiria até na nossa forma de governar.

Heróis anónimos


Muitos heróis anónimos dedicaram e deram a sua vida em prol deste bem sublime e necessário em qualquer sociedade (A PAZ). Muitos nem sequer têm acesso a devida reforma por não beneficiarem de nenhum subsídio proporcionado pelo Estado para poderem sustentar as suas famílias, neste dia seria bom que o nosso Estado Angolano em particular o Presidente João Lourenço, olhasse de forma especial a esses bravos combatentes da liberdade.

Ganhos da paz


É, preciso reconhecermos também que, com o actual cenário de paz que Angola vive desde o ano 2002, o país passou a ser um destino apetecível e aconselhável para muitos que pretendem investir nas mais diferentes áreas de negócios. Só que, determinada elite que ainda controla e detém os monopólios, dos poucos que o país possui, cria barreiras legais e de outra índole para que isso não aconteça.


Face a conjuntura e dinâmica que o mundo está a tomar o Estado na pessoa do executivo angolano deverá ser o precursor no investimento em grande escala no que tange a agricultura e indústria transformadora. Angola é um país que possui características muito particulares em termos de solos, clima, rios, bacias hidrográficas e uma biodiversidade das mais ricas do mundo. Tornando o país atractivo e favorável a prática da agricultura. Tanto que é considerado o quinto pais do mundo com melhores condições para a prática da agricultura, segundo estudos do fundo das nações unidas para alimentação, FAO.


O governo deve criar condições de infraestruturas para que toda região do país seja apetecível para grandes investimentos.