Luanda - MCK, nome artístico de Katrogi Nhanga Lwamba, é uma figura central no cenário do rap angolano, conhecido pelo seu papel de advogado e ativista. Utilizando a música como uma ferramenta poderosa de crítica social e de catalisador de mudança, MCK continua a destacar-se com o lançamento dos seus novos singles "A Corrupção Venceu" e "Gérmen, Pobreza Reproduzida". Estes singles antecipam o seu próximo álbum "Sementes", que promete ser mais um veículo de denúncia e resistência.
Fonte: VOA
O álbum "Sementes", com lançamento digital marcado para o dia 30 de maio e em formato físico para o dia 15 de junho em Luanda, explora temas políticos, sociais e culturais que refletem as várias facetas de Angola. MCK utiliza a sua música para investigar e desafiar as narrativas históricas predominantes, com uma atenção especial à identidade cultural angolana, como exemplificado na faixa "Açúcar Mascavo".
"O tema ‘Açúcar Mascavo’ é uma mensagem de África para as várias diásporas," explica MCK. "A educação muitas vezes conta nossa história pela perspetiva do colonizador, retratando o continente africano como um lugar de escravos, ao invés de um continente de reis. Nós somos açúcar mascavo, nós somos açúcar saudável.”
Através da sua música, MCK procura despertar o interesse pela investigação de uma história real, contada pela perspetiva dos africanos. Ele sublinha a importância de reconhecer os avanços científicos e filosóficos originários da África, frequentemente apropriados por outras culturas sem o devido crédito. "Temos que estimular o sentido crítico e investigativo de uma perspetiva diferente da história," enfatiza.
Os novos singles de MCK abordam de forma contundente as desigualdades sociais e a corrupção em Angola. Em "Gérmen, Pobreza Reproduzida", com a participação de Tio Hossi, ele discute como práticas cotidianas perpetuam a pobreza. "Um exemplo claro é a situação das empregadas domésticas," diz MCK. "Muitos empregadores, mesmo aqueles com alta consciência jurídica e cívica, não garantem os direitos fundamentais dessas profissionais, perpetuando um imaginário colonial e a pobreza."
MCK acredita firmemente que a sociedade civil pode desempenhar um papel mais ativo na redução da pobreza, através da advocacia e da aplicação eficaz das leis. "A sociedade civil deve se comportar como um ator determinante nas ações do estado," afirma ele. "É essencial criar canais de denúncia e proteção para as profissionais mais vulneráveis."
Cada faixa do álbum "Sementes" é concebida como um objeto de estudo, combinando ativismo, denúncias sociais e uma abordagem académica. "Procurei fazer isso de forma transversal com todos os temas," diz MCK. "Levar essas discussões à universidade e à academia é fundamental para promover uma mudança real."
MCK está também a preparar um concerto especial em Lisboa no dia 7 de junho, onde apresentará músicas dos seus cinco álbuns, incluindo o novo álbum "Sementes". "Vai ser um concerto transversal," promete ele, destacando a importância de continuar a luta por justiça social através da música.