Luanda - Zango é um bairro situado no município de Viana. Fica a norte da capital angolana. Está transformado em talho (açougue) de “carne fresca”. Há, por lá, crianças de oito a quinze anos a “fazerem vida”. Há “novinhas” para todos os gostos. É conforme o gosto do freguês. Está ao alcance do bolso de todos e de qualquer um.

Fonte: Club-k.net

São as “Primeiras Damas” do Zango “executadas” a sangue frio ou anestesiadas numa pensão barata ou no interior de um carro estacionado numa rua escura e sem saída. Estreiam-se virgens no exercício do meretrício. Depois de perderem a inocência e ganharem traquejo, viram matronas do ofício de “fazer vida”.

A denúncia da activista social Ana Calombe é preocupante. Tão preocupante quanto vergonhosa. Deveria convocar a urgente atenção do Instituto Nacional da Criança (INAC). A Oitava Comissão de Família, Infância e Ação Social da Assembleia Nacional tem uma oportunidade para mostrar trabalho e dar o ar da sua graça.

O alerta envergonha um País de matriz religiosa cristã onde as autoridades são lestas quando se trata de acossar politicamente um cidadão que queira fazer jus aos seus Direitos, mas que assobia para o lado quando confrontadas com o flagelo social ora denunciado. Até antes do dia 11 de Novembro de 1975, Angola primava pelos valores da família. Pelos mais profundos valores morais, cívicos e éticos. Angola era um torrão que há meio século alinhava na “pauta coral” da divisa “Deus, Pátria e Família”.

A denúncia de Ana Calombe é grave. O adjectivo aqui fica melhor no superlativo absoluto sintético e analítico: gravíssimo! A activista social quis ser simpática. Usou o termo “fazer vida” para descrever a exploração sexual de que são alvo crianças de oito a quinze anos. “Fazer vida” é o eufemismo que se usa em Angola para definir o exercício do meretrício.

A troca de sexo por dinheiro é feita, agora, por crianças dos oito aos quinze anos como meio de sobrevivência. A indústria da exploração sexual infantil está a florescer. Está aos olhos de todos. As autoridades manifestam-se vesgas. Assobiam para o lado. É estarrecedor. Estou desolado. É o fim dos tempos. É o sinal da decadência moral. É o sintoma de que a necessidade é maior que a moral. Não há, afinal, pudicícia que resista à dor causada por um estômago vazio.

São múltiplos e sobejamente conhecidos os fenômenos impulsionadores da exploração sexual infantil em Angola. Um dos mais conhecidos é a fome. A falta de oportunidade de emprego e a pobreza são os fenômenos mais conhecidos. O abandono familiar e a falta de acesso à escola também. As autoridades devem criar uma Lei que desencoraje o fomento da exploração sexual infantil em Angola.

Não queremos (de jeito maneira!) que Angola se transforme em routa de turistas que andam pelo mundo à procura de “carne fresca”. Não queremos que Angola seja conhecida como o “paraíso das novinhas” que se entregam aos prazeres da carne só para saciar a fome. E assim caminha o segundo País classificado como maior produtor de Petróleo a Sul do Sahara.