Luanda – A crescente epidemia de hepatite B, frequentemente acompanhada por infecções como H. Pylori e febre tifóide, tem gerado grande apreensão em Angola. A Ionene Kizola, uma empresa privada no ramo de comercialização de produtos agrícolas com responsabilidade social, relatou recentemente suas preocupações com a qualidade dos medicamentos disponíveis no país, destacando um incidente que lança luz sobre práticas potencialmente perigosas envolvendo medicamentos importados.

Fonte: Club-k.net

A Ionene Kizola compartilhou a experiência de um de seus colaboradores, diagnosticado com hepatite B, que tentou encontrar os medicamentos necessários para seu tratamento. Durante essa busca, descobriu-se que a maioria dos medicamentos disponíveis nas farmácias locais era de origem indiana. Preocupados com a reputação da Índia como um grande exportador de medicamentos de qualidade duvidosa, especialmente para países em desenvolvimento, o colaborador optou por evitar esses produtos.


Em uma farmácia, foi encontrado um medicamento chamado Klazin500, cuja embalagem indicava que era comercializado nos Estados Unidos, o que inicialmente proporcionou confiança para a compra. No entanto, ao investigar mais profundamente, descobriu-se que a empresa listada na embalagem, "Maypra", parecia não existir ou funcionar como uma empresa de fachada. Além disso, ao tentar contatar o número de telefone listado, que supostamente era dos EUA, o colaborador foi direcionado para o WhatsApp de uma mulher indiana, que encerrou a chamada abruptamente.


O colaborador então escaneou o código QR presente na embalagem, o qual o redirecionou para o site de uma empresa angolana chamada Lokenath Remédios, que, segundo as investigações da Ionene Kizola, pertence a um grupo indiano conhecido como Lokenath Group. Esse grupo é amplamente conhecido por importar medicamentos para vários países da África. Através de pesquisas adicionais, foi descoberto que a lista de medicamentos exportados pela entidade indiana para a Lokenath Remédios não incluía o Claritromicina Klazin500, que está sendo comercializado em Angola.


Além disso, a Ionene Kizola entrou em contato com três farmácias diferentes em Luanda para obter mais informações sobre o Klazin500. Em todas as três, os farmacêuticos afirmaram não conhecer o medicamento em questão. No entanto, eles asseguraram que, mesmo sendo de origem indiana, o produto seria seguro para consumo. Essa resposta, no entanto, não dissipou as preocupações da empresa quanto à autenticidade e qualidade do medicamento.


A Ionene Kizola também consultou dois médicos de um centro médico local, que confirmaram conhecer a Claritromicina, mas afirmaram nunca terem ouvido falar do Klazin500, o que aumenta ainda mais as suspeitas sobre o produto.


“Acreditamos que essa empresa, ou melhor, o Lokenath Group, está importando medicamentos de qualidade inferior para Angola, aproveitando-se das vantagens fiscais, o que está resultando na morte de uma grande parte da população”, afirmou um porta-voz da Ionene Kizola.


A empresa expressou sua frustração com a situação, explicando que deseja investigar mais a fundo, mas carece dos recursos necessários para analisar o medicamento e realizar uma investigação adequada. Eles ainda mencionaram que as entidades reguladoras em Angola não são confiáveis, acusando-as de alterarem relatórios de saúde para mascarar a gravidade dos problemas no país.


A situação relatada levanta sérias questões sobre a qualidade e segurança dos medicamentos disponíveis em Angola, especialmente aqueles importados de países como a Índia. Com o mercado de saúde saturado por medicamentos indianos, muitos cidadãos, que não têm condições de comprar alternativas mais caras, acabam recorrendo a essas opções de menor custo, possivelmente colocando suas vidas em risco.


Esta denúncia sublinha a necessidade urgente de uma investigação independente e transparente sobre a qualidade dos medicamentos importados em Angola, bem como uma revisão das práticas regulatórias no país. Enquanto isso, a saúde de muitos angolanos continua em jogo, e a responsabilidade por garantir medicamentos seguros e eficazes não pode ser subestimada.


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