Luanda - Conheci esta ilustre figura de Angola no Seminário Menor do Espírito Santo no Huambo na segunda metade do século XX dos anos 60.
Fonte: Club-k.net
Fizemos caminhos diferentes. Ele e mais outros amigos meus aderiram ao MPLA em 1974. Eu e outros como o Marcial Hyamene, Lucas Tukongeleny e Nicolau Hinaundafa, todos do Kunene, aderimos a UNITA.
Passados quase 50 anos, depois de 1974, Angola desperta para a necessidade de pensar o País dos nossos sonhos. Mas, depois de muitas derrotas e desgastes. Depois de mortes de milhares de angolanos e de nossos amigos da geração comum que partiram para o além com o misto do sonho adiado e da frustração reinante em relação a opção política escolhida que não libertou mas amarrou Angola a ideologias que alongaram ainda mais a distância entre governantes e os governados - o povo.
Nesta conjuntura, o alcance do artigo de Marcolino Moco, merece ser ampliado através da partilha que possa despertar o debate intelectual construtivo e sério, para validar a cientificidade expositiva e preencher lacunas que ajudem a buscar caminhos de realização comum preterida anos a fio pelo MPLA.
Por muito que pareça Angola estar independente, a realidade que se vive é penosa. Esta realidade penosa era previsível, pelo facto do movimento que subverteu os Acordos de Alvor, o ter feito manietado aos interesses e ideologias estrangeiras e sem nenhuma sensibilidade aos interesses das diversas nações de Angola. Hoje, não é preciso ser génio para se perceber quem são os construtores desta realidade penosa que Angola atravessa.
Era previsível que os angolanos não se tivessem deixado manipular pelo movimento que subverteu os Acordos de Alvor por que os ensinamentos dos amigos do saber sempre alertaram sobre a dicotomia existencial da humanidade estar assente no bem e no mal, no alto e no baixo, no belo e no feio, no bom e no mau, na victória e na derrota, em suma no contraditório. Anos depois, ficou provado do bem ser (FPU - UNITA, BD, PRA-JÁ SERVIR ANGOLA e Sociedade Civil) e o mal (o MPLA); o momento alto da política de Angola ser (o Estado Democrático de Direito de Angola) e o baixo (a República Popular de Angola e a Assembleia do Povo não eleita); o momento da Victória de Angola ser (a Soberania Popular), a derrota (o regime autocrático); estar assente no belo e no feio, sendo o belo (a Paz, a Reconciliação Nacional, o Desenvolvimento sustentável) e o feio (a Corrupção, a CIVICOP, o Gabinete da Acção Psicológica, a repressão política, a violação da Constituição, o roubo de votos, o golpe de Estado pós-eleitoral, os contratos simplificados), e daí em diante.
Em Angola, esta dicotomia existencial política, pode ser trazida para polarização doméstica entre os grupos de Partidos Políticos e da sociedade civil, formando alianças do grupo do MPLA/FNLA/PRS/PH e da FPU (UNITA, BD, PRA-JÁ SERVIR ANGOLA e Sociedade Civil) que levam a perceber quem sempre esteve do lado do mal e do bem e o papel continuado de obstrução do progresso político de Angola pelas forças do mal.
Esta cultura doutrinária ideológica e política do mal que prevalece em Angola, foi implantada pelo MPLA através da República Popular de Angola, continuando intacta depois dos Acordos de Bicesse e do fim da guerra com o Entendimento do Lwena em 2002.
Este quadro, reforça as preocupações de Marcolino Moco expressas na seguinte afirmação: "Numa altura em que mais uma vez se apresenta uma oportunidade para se mudar Angola para o melhor (assinalo a frase mudar Angola para o melhor) e que vontades parecem voltar a polarizar-se sobre personalidades entre as quais encontraríamos um salvador da pátria, a minha ideia é que isso é um erro". Com esta afirmação, Moco alinha a razão da cultura do mal em Angola com a figura de salvador da pátria sempre presente no MPLA (de António Agostinho Neto, de José Eduardo dos Santos e agora de João Manuel Gonçalves Lourenço), sendo autores materiais e morais destes males que conduziram o País para a situação actual.
Então, o que estes salvadores da pátria deviam ter feito e não fizeram?
O mesmo Marcolino Moco responde: "Temos de definir, antes de mais, o que Angola precisa resolver, para sair do buraco em que se meteu desde a independência. Angola precisa de reconciliar-se, no plano político, em torno da sua identidade (e das suas identidades). Pensem os mais velhos como eu (que tinha 22 aquando da independência) e contamine-se os mais novos de modo positivo, sobre quantos erros cometidos por não nos termos dado tempo a observar essa verdade". Sublinho este parágrafo como uma bela construção que vem do fundo da nostalgia do sonho desta geração, o que esta geração devia ter feito e não fez e a dor do parto que esta geração está a deixar para as gerações futuras tramadas pela nossa geração e a nossa geração tramada pela geração dos mais velhos dos anos 30 e 40.
Marcolino Moco não pára e continua a espicaçar as mentes de todos sobre a origem dos erros do passado, ao dizer: "... a minha preocupação com comunicados e aparentes apoios de putativos candidatos ao cadeirão do MPLA ... que pretendem restaurar o ambiente de 1974/75, em que quem foi mais eficaz nas manobras político-militares passou a ter sempre razão, mesmo com o país a sucumbir, em cada dia que passa", alerta para os perigos que o actual regime autocrático representa.
Com o conhecimento que tem da oposição, Marcolino Moco tem dúvidas se ela tem capacidade de mudar Angola, quando diz: "A oposição, por vezes, parece-me seguir o jogo, encurralada como está, quando todos os instrumentos fundamentais do normal exercício político lhe são vedados, como cada vez mais vedados a toda a sociedade civil."
A dúvida de Marcolino Moco sobre a oposição percebe-se. Mas, será esclarecida lá mais para frente para evitar que continue a persistir no erro do seu MPLA, nas circunstâncias actuais, ter essência de alterar a dicotomia do mal culturalmente herdado da sua origem, das lutas sangrentas entre o grupo de António Agostinho Neto e o grupo de Viriato da Cruz e posteriormente contra Daniel Chipenda. Aqui sim, na victória de António Agostinho Neto contra Viriato da Cruz, Daniel Chipenda, Nito Alves e outros, o MPLA deve buscar a catarse de sua reconciliação interna para se aproximar a toda nação (e nações) para estabelecer a verdadeira reconciliação nacional, a reconstrução da República de Angola e do Estado Democrático de Direito.
Quanto à oposição, com Adalberto Costa Júnior, Abel Epalanga Chivukuvuku, Filomeno Vieira Lopes e outras lideranças da Sociedade Civil, tem vindo a realizar estudos que vêm dando respostas de afirmação da mudança no contexto determinado pelo MPLA.
A história da humanidade e das organizações está cheia de lições dos oprimidos vencerem os opressores. Nós mesmos em Angola provamos como se venceu o colonialismo e o neocolonialismo.
Também em Angola, aprendeu-se muito com as 5 eleições realizadas desde 1992 a 2022.
Por isso, hoje, com os trabalhos realizados, passou-se a conhecer melhor as vulnerabilidades eleitorais estratégicas do MPLA e das forças da oposição.
Vulnerabilidades da oposição que, desta vez, não travarão o movimento para victória por que os avanços na estratégia da modelagem matemática de sectores individuais da política, da economia, da sociedade e da cultura, permitiu identificar de forma assertiva as vulnerabilidades do regime o que tem ajudado a ajustar estratégias robustas contra o maquiavelismo eleitoral em curso (com a estratégia de mais províncias, de mais municípios, com a estratégia de leis de segurança nacional e do vandalismo, com a estratégia de condicionamento das FAA, da Polícia e da Segurança Nacional, do sequestro dos Órgãos Legislativo e Judiciário pelo Executivo de João Manuel Gonçalves Lourenço, etc.) o que vai permitir estruturar a prontidão eleitoral para a victória em 2027.
Então, até lá, precisa-se de uma oposição comprometida com a mudança. Uma oposição que para além da FPU (UNITA, BD, PRA-JÁ SERVIR ANGOLA e Sociedade Civil) também se estenda para forças democráticas no seio do MPLA, FNLA, PRS. Uma oposição que possa construir uma aliança eleitoral com todas as forças democráticas em Angola.
Uma oposição que aposta no pacto de regime sério e relevante, para um país que tem de buscar a estabilização do sistema político, resolver os conflitos internos no MPLA, sem aquelas cruzes nas testas de dirigentes que prestaram serviço ao país como qualquer mortal que também erra e acerta, ou entre diferentes partidos, para promover reformas que beneficiem o desenvolvimento e os angolanos. Isso permitiria criar um clima de diálogo profundo (que João Manuel Gonçalves Lourenço sempre sabotou), cooperação e comprometimento para implementar mudanças que atendam os interesses de todos os angolanos sem exclusão, mas com a elevação que o momento exige.
OBRIGADO!