Luanda – A ativista angolana Laura Macedo expressou duras críticas à história de liderança no Movimento Popular de Libertação de Angola (MPLA), destacando a falta de líderes verdadeiramente comprometidos desde os tempos de Viriato da Cruz e Mário Pinto de Andrade. Numa análise sobre o panorama político atual, Macedo traça paralelos entre antigos líderes do partido e o atual presidente, João Lourenço, apontando problemas de traição interna e manipulação.

Fonte: Club-k.net

Macedo relembra que, após Agostinho Neto ter assumido a liderança do MPLA, houve uma perseguição a vozes dissidentes, resultando na repressão ou eliminação de figuras contrárias, como Matias Migueis. Para ela, a liderança de José Eduardo dos Santos, que comandou o país por décadas, foi marcada pelo maquiavelismo e pela exclusão de aliados, como o general Pedro de Castro Van-dunem "Loy", que foi abandonado em meio a intrigas políticas.

 

Segundo a ativista, mesmo figuras poderosas do círculo de dos Santos, como Kopelipa e Fernando Miala, enfrentaram momentos de ostracismo e punição ao longo dos anos. Essa dinâmica de poder, segundo Macedo, repete-se atualmente no governo de João Lourenço, com o presidente cercado por aliados que, na realidade, estariam interessados em manter a sua influência e os benefícios financeiros que adquiriram.

 

"Ao longo dos anos, os líderes do MPLA, quando em queda, são abandonados pelo próprio grupo que antes os apoiava", escreve Macedo. Segundo ela, Lourenço enfrenta um cenário similar ao de dos Santos: "Quando sair, tal como aconteceu com José Eduardo, a matilha vai acossá-lo como se de um leproso se tratasse."

 

A ativista destaca ainda que o discurso de combate à corrupção de João Lourenço, exemplificado pelos "700 casos em investigação", seria utilizado como trunfo político, mesmo que os próprios aliados do presidente também estejam implicados em práticas corruptas.

 

Laura Macedo conclui que o presidente João Lourenço, que se aproxima do fim do seu segundo mandato, está sendo usado por uma ala do partido interessada em garantir a continuidade de seu poder, e que os conflitos internos refletem uma luta pelo controle de recursos e influência. Para a ativista, essa traição interna no MPLA é um padrão recorrente na política angolana.

 

Os manifestantes criticam as práticas de repressão no país, afirmando que "as detenções arbitrárias, a repressão e as violações de direitos humanos fazem parte de uma estratégia de silenciamento. Aqueles que ousam falar, lutar e questionar são encarcerados injustamente, vítimas de um sistema que sufoca a liberdade de expressão e perpetua o medo." Para o grupo, a visita de Biden representa uma oportunidade de colocar Angola sob os holofotes globais e expor essas violações.

 

A nota ainda reforça: "Esta visita vai além de um simples encontro diplomático; é uma chance de amplificar a nossa luta pela libertação dos presos políticos e pela construção de um país mais justo e democrático. Precisamos erguer nossas vozes e garantir que a verdade sobre o regime angolano não seja ignorada. Que o clamor pela libertação dos injustiçados ressoe mais forte do que nunca!”

 

Desde que João Lourenço assumiu a presidência, a situação dos direitos humanos em Angola tem se deteriorado, com o aumento de prisões de jovens acusados de "insultos ao Presidente" e "rebelião", crimes frequentemente fabricados pelas autoridades. Organizações de direitos humanos têm criticado o governo pela aprovação de leis repressivas que violam direitos fundamentais, o que levou Angola a ser negativamente avaliada em diversos relatórios internacionais sobre direitos humanos.