Luanda - Como activista angolano comprometido com os direitos humanos, a democracia e a dignidade de todas e todos as cidadãs e os cidadãos, não posso ficar em silêncio perante os acontecimentos trágicos e perturbadores da ordem normal que continuam a ocorrer em Moçambique.
Fonte: Club-k.net
Desde antes, durante e após as recentes eleições, o país tem sido palco de uma crise que coloca em causa a legitimidade dos processos democráticos e a própria segurança das cidadãs e dos seus cidadãos.
A situação atingiu um ponto crítico com o covarde e bárbaro assassinato de Elvino Dias, advogado, e Paulo Guambe, mandatário do partido PODEMOS, que suportou a candidatura à Presidência da República Venâncio Mondlane.
Esses assassinatos, que ocorreram no último dia 18 deste mês, são actos que só podem ser descritos como hediondos, executados num contexto de intimidação política e impunidade.
Até hoje, as autoridades moçambicanas não forneceram qualquer informação concreta sobre os autores materiais e morais desses crimes.
Como é possível que, num Estado de Direito, defensores da justiça e da democracia sejam silenciados dessa forma?
O silêncio das autoridades perante tais atrocidades é um insulto à memória dos que foram brutalmente assassinados e uma ameaça a todos os que lutam por um Moçambique justo e inclusivo.
Manifesto o meu total apoio ao candidato Venâncio Mondlane, que, mesmo num ambiente de repressão e violência, mantém-se firme na sua luta por um país melhor.
A sua campanha simboliza a esperança de um povo que aspira por um país em que os seus direitos políticos e sociais sejam respeitados.
Contudo, a situação actual exige uma condenação internacional enérgica, e uma acção urgente por parte das autoridades moçambicanas para identificar e responsabilizar os responsáveis por esses crimes.
A história tem nos ensinado que nenhuma democracia pode florescer à sombra do medo, da repressão e da violência. Em Moçambique, é imperativo que se restabeleça a confiança nas instituições democráticas, com processos eleitorais transparentes e o respeito pelos direitos humanos.
Os assassinatos de Elvino Dias e Paulo Guambe não podem ser tratados como meros incidentes; eles representam uma ferida profunda no tecido democrático de Moçambique.
Deixo, assim, o meu apelo à justiça: que se investigue, se julgue e se puna, com o rigor que as leis internacionais e moçambicanas impõem, os verdadeiros responsáveis por estes actos ignóbeis.
Não há democracia sem justiça, e não há paz sem verdade.
A luta por um país mais justo e democrático não pode ser sufocada. O povo moçambicano merece saber quem está por trás desses crimes.
A comunidade internacional, as organizações de direitos humanos e todas e todos os que acreditam na liberdade devem permanecer vigilantes e exigir uma resposta firme contra essa onda de violência que ameaça corroer os alicerces democráticos.
*Adão Ramos,
Activista angolano pela Inclusão e Justiça