Luanda - Apropriar-se da independência, ou pior, privatizá-la, é um acto de egoísmo e mesquinhez política. Foi essa ambição desmedida que mergulhou o país numa guerra fratricida. Parece que ainda não aprendemos com o passado. Angola não é monopólio do MPLA, da FNLA ou da UNITA. Angola pertence a todos os angolanos, independentemente da sua filiação política ou posição ideológica.
Fonte: Club-knet
A independência nacional não se resume ao acto de proclamação. O 11 de Novembro foi a consequência de uma luta árdua, travada por três movimentos de libertação, liderados por Holden Roberto, Agostinho Neto e Jonas Savimbi. O mérito não pertence apenas a quem apagou a vela na noite da independência.
Ignorar deliberadamente o contributo da FNLA e da UNITA na luta contra o colonialismo é uma distorção histórica. Minimizar o sacrifício dos seus líderes ou humilhar os seus membros não altera os factos nem apaga o seu papel na libertação do país. Se a decisão coubesse ao povo, Holden Roberto e Jonas Savimbi seriam igualmente homenageados. Disto, não tenho a menor dúvida.
Se os deputados do MPLA ouvissem a voz da Nação antes da votação, teriam aprovado a atribuição de medalhas a Jonas Malheiro Savimbi e Holden Roberto. Mas, quando os interesses partidários se sobrepõem à justiça histórica, a escolha é sempre a da exclusão.
Felizmente, o passado não pode ser reescrito, por mais que se tente manipular a narrativa. Nenhum poder, por mais forte e autoritário que seja, conseguirá apagá-lo.
A exclusão não constrói a Nação. Pelo contrário, fere a memória colectiva e perpetua divisões que já deviam ter sido superadas.
Luanda, 12 de Fevereiro de 2025
Gerson Prata