Luanda - Eis que surge a nobre e dificílima missão de encontrar alguém que faça "igual ou melhor" do que João Lourenço. Uma tarefa tão desafiadora quanto ensinar um peixe a andar de bicicleta ou esperar que um buraco na estrada se repare sozinho. Mas sejamos otimistas! Afinal, estamos a falar de um país onde os milagres acontecem… como aquela vez em que a inflação quase baixou (por algumas horas) ou quando prometeram empregos e, de facto, criaram milhares… mas só para os amigos do sistema.
Fonte: Club-k.net
Agora, o futuro presidente enfrentará alguns pequenos desafios. Nada de mais, apenas a reconstrução de um país em ruínas, a luta contra uma corrupção tão bem instalada que já devia estar no Património da Humanidade, e a missão impossível de fazer com que os cidadãos voltem a acreditar no governo sem precisar de promessas em formato de novela mexicana.
Os Grandes (e Pequenos) Desafios do Futuro Presidente
Económico – Ou Como Fingir Que Está Tudo Bem
O próximo líder terá de gerir um país onde a economia funciona na base da fé e da caridade. A diversificação económica é uma lenda urbana, o investimento estrangeiro é tratado como um invasor, e o petróleo... ah, o petróleo, essa vaca leiteira que já nem dá leite, só promessas azedas. O segredo para "fazer melhor" será simples: basta continuar a usar os mesmos discursos sobre desenvolvimento e esperar que a população tenha memória curta.
Político – A Arte de Mandar Sem Que Pareça Ditadura
Ah, a democracia! Esse conceito bonito que serve para decorar discursos enquanto a oposição é tratada como um incómodo e não como parte essencial do jogo. O futuro presidente pode seguir o exemplo e garantir que a democracia continue a ser uma peça de teatro bem encenada: eleições que já têm vencedor antes de começarem, parlamento cheio de "debates" onde todos concordam e, claro, a eterna desculpa de que "o país ainda não está preparado para mudanças rápidas".
Social – O Reality Show da Sobrevivência
A população? Sim, aquelas pessoas que insistem em querer hospitais que funcionem, escolas sem tecto a cair e salários que durem até ao fim do mês. O próximo presidente pode simplesmente ignorá-los, afinal, sempre houve uma solução prática: um belo discurso motivacional, acompanhado de uma música patriótica e a promessa de que "as coisas vão melhorar". Se não melhorarem, basta dizer que a culpa é da crise mundial, do FMI ou de um vírus qualquer que ainda nem existe.
Cultural – A Cultura do Sofrimento Continua
Se há uma coisa que funciona neste país é a criatividade do povo. Afinal, transformar qualquer coisa numa música, vender artesanato na rua para pagar a universidade e dançar para esquecer as dificuldades já fazem parte da identidade nacional. O próximo presidente pode manter essa "tradição", continuando a tratar a cultura como um passatempo e não como um sector estratégico. Quem sabe até criar um "Plano Nacional de Entretenimento para Distração Popular"?
Tecnológico – Do Século XXI para o Século XIX
Se existe um sector onde Angola brilha, é na capacidade de manter a tecnologia num nível digno dos anos 90. Internet lenta e cara, burocracia digital que exige documentos físicos, serviços públicos que só funcionam... quando há energia. O próximo líder pode até prometer uma revolução digital, mas sabemos que, no final, será mais um aplicativo inútil pago com milhões do Estado, que nunca será usado.
O Que o Sucessor NÃO Deve Fazer (Ou Como Não Afundar Mais o Barco)
Não prometer o fim da corrupção – O povo já sabe que isso nunca acontece. Basta dizer que haverá "tolerância zero" e pronto, tudo continua igual.
Não prometer emprego para a juventude – Se for para manter as mesmas políticas, é melhor nem criar expectativas. Talvez seja mais fácil distribuir cursos de empreendedorismo do tipo "Como Vender Água na Rua e Ficar Rico".
Não fingir que a saúde está bem – Se o presidente continuar a viajar para tratar uma simples gripe, não adianta dizer que os hospitais estão melhores.
Não pedir paciência ao povo – Os angolanos já ouviram esse pedido tantas vezes que estão prestes a incluí-lo no hino nacional.
E, acima de tudo, não subestimar a inteligência do povo – Porque um dia, esse povo pode decidir que está farto de ser tratado como figurante no próprio país.
No final das contas, ser "igual ou melhor" não é assim tão difícil... desde que o padrão de comparação continue a ser o mesmo. Boa sorte ao próximo presidente – ele vai precisar.