Luanda – As autoridades angolanas estão a ser acusadas de graves violações protocolares ao impedirem a entrada no país de várias personalidades internacionais, entre as quais os antigos presidentes do Botswana, Ian Seretse Khama, da Colômbia, Andrés Pastrana Arango, e o ex-primeiro-ministro do Lesotho, Moeketsi Majoro.
Fonte: Club-k.net
As três figuras políticas faziam parte de uma delegação que se deslocou a Angola para participar numa conferência internacional da IDC, organizada com o apoio da UNITA e patrocinada pela Benthurst Foundation, a Fundação Konrad Adenauer e o World Liberty Congress. IDC, na qual a UNITA, é membro, realiza este evento anualmente em diversos países, tendo escolhido Angola para esta edição.
Recentemente, a UNITA, maior partido da oposição em Angola e integrante da IDC, informou as autoridades sobre o evento, que contaria com a presença de várias personalidades, incluindo os ex-presidentes. Contudo, ao chegarem ao aeroporto internacional de Luanda, as delegações foram surpreendidas com a retenção dos seus passaportes por cerca de duas horas, sendo depois informadas de que não poderiam entrar no país. Além dos dois ex-presidentes, também foi impedida a entrada de Venâncio Mondlane, antigo candidato presidencial de Moçambique, Lutero Simango, presidente do partido MDM de Moçambique, e Edwin Sifuna, vice-presidente do Senado do Quénia, que foi mandado de volta num voo da Ethiopian Airlines.
Uma fonte presente na delegação, que também foi expulsa, relatou ao Club-K que, ao chegarem ao balcão da imigração, os passaportes foram confiscados e os membros da delegação foram levados para uma sala, onde permaneceram durante duas horas sem explicações sobre o motivo da retenção.
A UNITA atribui a operação aos serviços de segurança angolanos, indicando que funcionários dessa instituição tomaram controlo do aeroporto internacional de Luanda.
A delegação deveria ter viajado para Benguela, onde, de 14 a 15 de março, participaria da conferência, cujo objetivo é promover o debate sobre os desafios democráticos globais e a cooperação internacional. Este evento reúne ex-presidentes, líderes políticos, ativistas e especialistas, com o intuito de propor soluções inovadoras e fomentar alianças para combater a ascensão de tendências autocráticas.
Até ao momento, as autoridades angolanas não se pronunciaram sobre a expulsão. No entanto, um panfleto, atribuído ao Gabinete de Ação Psicológica da Presidência da República, responsabiliza a UNITA, acusando-a de ter convidado figuras diplomáticas para a sua celebração de 59 anos sem a aprovação do Executivo. O panfleto afirma: “A UNITA cometeu um erro grave ao convidar figuras diplomáticas para um evento sem o aval do Governo. Esta atitude desrespeita a hierarquia do Estado e coloca em risco a segurança e a estabilidade do país. O Governo angolano merece respeito e a UNITA falhou, mais uma vez, ao ignorar os procedimentos legais.”
Em resposta, o Bloco Democrático repudiou a atitude dos Serviços de Migração e Estrangeiros, acusando-os de agir por ordens superiores. O partido exigiu a libertação imediata das personalidades retidas, sublinhando que elas deveriam ser recebidas com o respeito e a hospitalidade que caracterizam o país.