Luanda – O chefe da Fiscalização da Administração Municipal da Camama (AMC), Hélder Trindade, está a ser acusado de ter recebido, em nome da instituição, 3 milhões e 500 mil kwanzas da empresa Konda Marta, para pagamento da Licença de Construção, valores que não foram depositados na Conta Única do Tesouro (CUT).
Fonte: Club-k.net
Segundo informações apuradas pelo Club-K, Hélder Trindade terá orientado um intermediário identificado por Zé, que contactou o Presidente do Conselho de Administração da Konda Marta, Daniel Neto, e disponibilizou a conta bancária (IBAN: 0051.0000.9814.5016.1019.0), pertencente ao Banco de Fomento Angola (BFA) e registada em nome de Sebastião Paulo Zanza. Nessa conta pessoal, foi transferido o valor de 1.385.000,00 kwanzas às 12h32 do dia 19 de fevereiro de 2025.
No dia seguinte, 20 de fevereiro de 2025, Hélder Trindade alegou que a Administração Municipal da Camama não possuía um sistema adequado para disponibilizar o RUPE à empresa, justificando a necessidade de pagamento em dinheiro. Segundo Daniel Neto, o chefe da fiscalização exigiu o pagamento direto dos restantes 2 milhões de kwanzas, tendo enviado Osvaldo Dala, chefe das operações da fiscalização, para receber a quantia. O dinheiro foi entregue no bairro Sapú, na zona da vacaria, com a promessa de que seria depositado na conta do Estado no dia seguinte. Três meses depois, o montante ainda não foi entregue aos cofres públicos.
O caso envolve o administrador adjunto da Camama para a área técnica, que, segundo camponeses da Konda Marta, teria interesses nos terrenos em disputa. O Club-K tentou contactar os acusados durante três dias, mas não obteve resposta.
O terreno, que possui mais de 60 hectares próximo ao Campus Universitário, foi alvo de intervenção por parte do Serviço de Investigação Criminal (SIC), que colocou uma patrulha de sete agentes para impedir a entrada de camponeses que reivindicam a titularidade da área.
Na última semana, uma força mista composta por dezenas de polícias e fiscais destruiu a vedação construída pela Konda Marta, causando prejuízos avaliados em milhões de kwanzas, incluindo a perda de mais de cinco mil folhas de zinco e dois mil barrotes.
A ação policial resultou na detenção de oito pessoas, que se encontram na Esquadra Chinguari, subordinada ao Comando Municipal de Talatona, em Luanda. Os detidos estão envolvidos no processo n.º 4664/025-UP-DIIP T.LA, sendo acusados de danos causados à viatura do administrador adjunto para a área técnica, alegação que foi refutada pelos camponeses.
A Procuradoria-Geral da República (PGR) notificou o Presidente do Conselho de Administração da Konda Marta, Daniel Afonso Neto, para depor na próxima quarta-feira, 15 de maio, na condição de queixoso. O caso está registado sob o processo n.º 01/GACI/24, em que são arguidos Francisco Ribas, Joaquim do Rosário e João Mufuma, todos oficiais superiores da Polícia Nacional que, à época dos factos, exerciam funções como comandantes de Luanda, Talatona e Vila Kiaxi.