Luanda – A presidente provincial da LIMA (Liga da Mulher Angolana), braço feminino da UNITA, Ana Paula Afonso, foi alegadamente agredida com bastões pela Polícia Nacional durante uma vigília realizada no fim-de-semana, em homenagem ao falecido deputado Raúl Danda. A dirigente aponta a governadora da província do Bengo, Maria Antónia Nelumba, como a responsável pela ordem que levou à repressão violenta contra membros da UNITA, resultando em cerca de 27 feridos.
Fonte: Club-k.net
“Apelo à Dra Maria Nelumba que pare com isto. Ela é mulher, é mãe"
Num vídeo divulgado nas redes sociais, a líder da LIMA no Bengo apela à governadora para que ponha termo à “violência que ordenou contra uma vigília pacífica organizada pela UNITA”.
Ana Paula Afonso afirmou ter sido atingida duas vezes com bastões, nas costas e no cotovelo, acrescentando que “a polícia foi orientada de forma cruel para impedir a realização da vigília”.
“Estamos muito tristes. Esta província não pertence ao MPLA, pertence ao povo, pertence aos angolanos. Esta terra não foi feita apenas para o MPLA — Deus fez esta terra para todos os angolanos. Até os estrangeiros andam aqui à vontade, e nós, que lutamos por justiça plena para os angolanos, somos atacados”, lamentou.
A dirigente reforçou ainda que “a governadora está a governar esta província com crueldade”, e garantiu que as mulheres da LIMA, filiadas na UNITA, “não vão admitir tal postura”.
“Apelo à doutora Maria Nelumba: pare com isto. Ela é mulher, é mãe, conhece bem o sofrimento do povo angolano, principalmente das mulheres”, declarou Ana Paula Afonso.
A responsável da UNITA criticou também o que considera um governo arbitrário:
“Não queremos que os que nos governam façam o que bem entendem. A governadora Maria Nelumba está a fazer o povo sofrer”, afirmou, acrescentando que, ao visitar os colegas hospitalizados, encontrou uma realidade marcada pela falta de medicação e a entrega de apenas uma receita médica aos pacientes.
Segundo a UNITA, o partido comunicou atempadamente às autoridades a realização da vigília, agendada para a noite de quinta-feira, 8 de Maio, na cidade de Caxito. No entanto, o Governo Provincial do Bengo indeferiu o pedido, alegando que não foram cumpridos os requisitos legais da Lei nº 11/91, de 12 de Maio, que regula o direito de reunião e manifestação em Angola.
Num comunicado dirigido ao secretário provincial da UNITA no Bengo, Moniz Alfredo, e assinado pelo director do Gabinete Jurídico e de Intercâmbio, António Pedro, o governo fundamenta a decisão com base na referida legislação.
Na sua página do Facebook, o deputado da UNITA Joel Pacheco criticou a decisão, escrevendo que “a governadora da província do Bengo quer que a vigília se realize na bacia de retenção de Caxito, ou seja, no mato, fora da cidade, à beira do rio Dande — ou melhor, manda-nos conversar com jacarés”.
“Teremos a vigília no local escolhido por nós e ponto final”, garantiu o parlamentar.