Luanda - A direcção de informação da estação pública RTP, com uma parte substancial do seu orçamento e dos salários dos seus funcionários a ser alimentada pelos já depauperados bolsos dos cidadãos portugueses, sofridos por auferirem os salários mais baixos da União Europeia, expressou a sua irritação pelo facto de terem sido impedidos de trabalhar no Palácio Presidencial e de terem sido apagados do grupo que os serviços de imprensa da Presidência da República criaram para interagir com responsáveis da comunicação social que opera em Angola.
Fonte: JA
Pensava a RTP, sabe-se lá por que razão, que a falta de profissionalismo largamente demonstrada pelos seus responsáveis editoriais e jornalistas, neste caso concreto na forma como cobrem os assuntos relacionados com Angola, ia passar despercebida aos olhares atentos dos seus telespectadores e às vítimas dos seus inconfessados interesses.
Obedientes à linha editorial que lhes é imposta pelos interesses de Bruxelas, os responsáveis da RTP julgavam-se imunes e impunes às consequências pelos ataques sistemáticos, despudorados e coordenados que têm vindo sistematicamente a fazer a Angola.
Não se trata, como quer tentar fazer passar a ideia nessa sua irritada nota, de estar a ser “vítima” de um “atentado à liberdade de imprensa”, quando os serviços da Presidência da República de Angola separaram o trigo do joio e lhes indicaram a porta de saída das instalações do Palácio Presidencial. Trata-se, isso sim, de um acto de soberania de quem foi eleito para defender energicamente os interesses de Angola e dos angolanos.
Até porque a liberdade de imprensa não pode servir de capa para esconder objectivos bem concretos de atentar contra a soberania de um país que respeita essa mesma liberdade de imprensa, mas que não aceita que se use abusivamente dela para ser atacado por uma orquestração de campanhas sustentada numa clara intenção de desinformação.
Foi a RTP e mais ninguém que, desonestamente, enveredou por se assumir como base para ataques à soberania de Angola, dando voz a acusações anónimas, inventando fontes e ignorando o uso do contraditório nas matérias onde o nome do país era vítima de notícias e informações comprovadamente falsas.
Não foi, também, por um mero acaso que nenhum outro órgão se informação se solidarizou com a RTP depois desta ter sido posta no seu devido lugar por parte dos serviços de imprensa da Presidência da República, cabendo aqui dizer que nem todos os jornalistas que assistiram ao que se passou estavam ao serviço da imprensa pública angolana.
O facto de ter uma delegação em Luanda, exigia por parte da RTP um outro tipo de comportamento profissional. Não de subserviência, pois não é disso que se trata nem o que se pede, mas de uma maior responsabilidade profissional perante o facto de ter fisicamente ao seu alcance todas as fontes necessárias para a realização de um trabalho sério e honesto, que honrasse o jornalismo e os jornalistas.
Não querendo acreditar que se trate de uma falta de competência por parte dos jornalistas que tem em Angola, é evidente que só pode ser por orientações recebidas de Lisboa, ou Bruxelas, que esse contraditório não foi exercido.
Com sérios problemas de audiência, em Portugal e nos países onde as suas emissões ainda são vistas, a RTP vem paulatinamente perdendo toda a credibilidade que tinha quando iniciou as suas transmissões a nível internacional, em especial no continente africano.
Talvez isso, optou por se aliar às oposições dos países africanos onde está implantada. Foi assim em Moçambique, onde foi a porta-voz do terrorista Venâncio Mondlane, responsável por centenas de mortes, é assim na Guiné-Bissau onde apoia tudo o que é contra o Presidente Umaro Embaló e é assim em Angola, onde tenta ressuscitar os bandidos da FLEC e onde tudo faz para promover as ideias contrárias às das instituições angolanas, não dando a estas a mínima possibilidade de se defenderem.
A RTP, pode considerar legítimas estas opções (cada qual sabe as linhas com que se cose). Mas, convenhamos que para o governo português, fica complicado entender e explicar como pode alimentar financeiramente uma estação de televisão que usa sistematicamente a contra-informação como arma de arremesso para ofender os países com os quais estabelece relações de cooperação, fraternidade e amizade.
O argumento da liberdade de imprensa e da independência face ao poder político, não justifica o que a RTP tem vindo a fazer. A liberdade de imprensa, para ser efectiva, obriga ao uso das mais elementares regras deontológicas, nas quais o contraditório se destaca, pois, é o que permite que todas as partes sejam ouvidas a tratadas em pé de igualdade sobre assuntos que lhes dizem respeito. A independência face ao poder político, fica comprometido quando é esse poder político que alimenta financeiramente essa mesma imprensa.
Neste jogo de espelhos, fizeram bem os serviços de imprensa da Presidência da República em colocar um ponto de ordem a uma situação insuportável, separando o trigo do joio e colocando no seu devido lugar quem ainda julga que os angolanos são desprovidos de entendimento e comem gelados com a testa.