A notificação dizia que a estação, tida como próxima da UNITA, iria ser suspensa durante 180 dias por estar a cobrir uma área superior à autorizada pelo alvará, ou seja, Luanda. O documento, citado pela Lusa, refere que no Uíge, Norte de Angola, as emissões da Rádio Nacional de Angola estavam a sofrer interferências produzidas pelas da Despertar.
“O despacho não explica quando entra em vigor o período de suspensão e, por isso, estamos a emitir, enquanto esperamos resposta à carta”, explicou Alexandre Solombe Neto, considerando curioso o facto de a rádio Ecclesia não ter sido visada, apesar de estar na mesma situação. “O INACOM faz favores ao Governo [que é dominado pelo MPLA]. Talvez eles não queiram arranjar uma guerra com a igreja [Católica]. Estamos numa situação de filhos e enteados.”
Questionado sobre uma eventual leitura política desta decisão, diz que há uma coincidência entre ela e as declarações feitas pelo porta-voz do MPLA, Kwata Kanawa, o qual considerou “preocupante” a linha editorial seguida pela rádio Despertar.
A estação foi criada em 2006, na sequência dos acordos de paz, sendo a substituta natural da rádio que durante a guerra era o órgão oficial da UNITA de Jonas Savimbi. Mas ao contrário da Vorgan tem estatuto legal e carácter comercial.
“Isto é uma maneira de calar esta rádio durante o processo eleitoral [para as legislativas de Setembro]. Não porque ela apoia a UNITA. Mas porque dá espaço a todos os partidos e aos problemas das pessoas”, afirmou ao DN Emanuel Lopes, secretário para a Informação da UNITA.
O director nacional de Informação do Ministério da Comunicação Social angolano, Luís de Matos, garantiu à Lusa que “não se trata de uma decisão política mas técnica”. Ao DN o gabinete de imprensa da embaixada de Angola em Lisboa disse não haver, neste momento, “nada mais a acrescentar ao que foi dito”.
Fonte: Diário de Notícias