Lisboa - A embaixada norte americana em Libreville apresenta-lhe na lista dos mais referenciados advogados de São Tome. Porém, Os contornos da sua ligação ao circulo presidencial angolano faz com que em meios diplomáticos americanos o tratem como o “novo Pierre Falcone”.
Fonte: Club-k.net
JES dá cargo a advogado são tomense
É filho de Carlos Tiny, o ex- Ministro dos Negócios Estrangeiro de São Tome que em 2001 candidatou-se às eleições presidenciais, no seu país, tendo sido derrotado pelo actual titular Fradique de Menezes. A época, N'Gunu Olívio Noronha Tiny , tinha 23 anos e acabava de regressar de Portugal onde se formou em direito (com media de 19 valores) pela Universidade Nova de Lisboa. Esteve depois a fazer um doutoramento pela London School of Economics.
As ligações do pai ao MLSTP/PSD terão contribuído pela sua rápida reputação em São Tome tornando nele num consultor internacional. Foi chamado a participar, como advogado do seu país, de um projecto da Universidade de Columbia, dos Estados Unidos, para provisão de legislação para o sector petrolífero em São-Tomé. As autoridades angolanas tomaram proveito deste seu protagonismo. Carlos Feijó, com quem privou na Universidade Nova de Lisboa, ao tempo que estava a fazer mestrado, contratou-o, na qualidade de assessor jurídico principal de Manuel Vicente, para passar a escrever os pareceres para a Sonangol.
Em Angola, N'Gunu Tiny foi Instalado num gabinete no edifício do Ministério das Obras Públicas a partir do qual serve a Sonangol. Em círculos do regime angolano alegam que o gabinete de N'Gunu Tiny nas obras públicas , é o pé de meia secreto de Carlos Feijó, por efeito de uma iniciativa destinada a não envolver a RCJE Advogados Associados, o seu escritório de advogados, que divide com Raúl Araújo no negócio dos petróleos.
N’gunu Tiny é agora reconhecido como consultor de várias empresas multinacionais para as áreas dos contratos internacionais, corporate governance, investimento estratégico e análise de risco. É autor de varias publicações, nas áreas do Investimento Internacional, Comércio Internacional, Contratos Internacionais, Parcerias Público-Privadas, e Direito e Desenvolvimento Económico e em 2009 escreveu um livro com Carlos Feijó, “A Regulação do Gás Natural em Angola”.
As ligações que tem com as autoridades angolanas não são alheias em círculos políticos em São Tome e Príncipe. Em Março de 2010, um outro advogado são tomense, Adelino Isidro ligado ao MLSTP/PSD fez acusações segundo as quais N'Gunu Tiny e sua família se aproveitaram de fundos da Sonangol, destinados a vários projectos no país. Em paralelo, um site, Telanon publicou uma notícia indicando que o advogado acusador teria mostrado uma cópia de um contrato de compra e venda de acções da Empresa Nacional de Combustíveis e Óleo (ENCO) são-tomense em que alegadamente estariam envolvidos N'Gunu Tiny e o seu pai Carlos Tiny . As acusações geraram um debate ao estilo de escândalo financeiro reforçados com denuncias segundo as quais N'Gunu havia recebido a quantia de um milhão e 600 mil dólares como resultado da venda da ENCO à Sonangol.
Em Portugal, onde estudou, N'Gunu Tiny tornou-se ainda mais conhecido devido as ligações que mantém com os barões do petróleo em Angola. O estilo de vida que faz transparecer na capital Lusa faz com que seja apelidado de “Novo-rico”. Agora passeia -se apenas de viaturas da marca Bentley e Jaguares pelas estradas de Lisboa. São conhecidas confissões suas segundo a qual o regime angolano teria lhe colocado um milhão de dólares na conta. Ofereceu um carro Bentley à mulher como presente pelo nascimento do filho.
A confiança que as autoridades angolanas passaram a ter por este jovem advogado são tomense é agora sentida na pessoa do líder angolano José Eduardo dos Santos. Já foi consultor da Presidência e do Governo angolano. No passado dia 18 de janeiro, o Presidente da República, nomeou-lhe membro da Comissão de Estruturação e Gestão da Comissão do Mercado de Capitais. O nome de N’gunu Tiny passou despercebido visto que não é conhecido pelo publico angolano. Por outro lado, a mesma nomeação provocou em meios restritos sentimentos “xenófobos” visto que foi nomeado para um cargo nas estruturas de alçada do governo angolano. “Isso é grave. A nomeação de um cidadão estrangeiro, pelo presidente, em circunstâncias obscuras é muito grave.”, desabafou um “insider”.
Tem menos de dois anos e meio de residência em Angola, onde passou também a dar aulas na Faculdade de Direito da Universidade Católica de Angola. Não há dados para aferir se as autoridades facultaram lhe nacionalidade angolana. Sabe-se apenas que quando o apontam o dedo refere-se que: “Este é um pequeno Falcone”.