Luanda - O  MPLA, Partido que governa o Pais esteve no centro das atenções em Abril, quer pela realização de mais uma reunião do seu Comité Central, que obrigou a uma intervenção do Presidente Eduardo dos Santos, quer pelo seu congresso extraordinario, que preparou a estratégia eleitoral do Partido dos Camaradas para as eleições simultâneas legislativas e presidenciais a terem lugar em Setembro do próximo ano.


Fonte: Revista & Negocios


Desses dois acontecimentos, uma questão que reputamos de importante foi o facto do Presidente Eduardo dos Santos em  todas as intervenções ter colocado ênfase no reforço do auto-estima dos angolanos e concomitantemente desenvolver-se acções para o garante da soberania nacional.

 

Não temos a certeza se todos os delegados que estavam naquela sala de convenções, alguns dos quais quadros com grande poder de decisão na vida do Pais, têm bem no fundo do coração a importância desses dois princípios, a auto-estima e a soberania. E dizemos isso porque algumas acções que se vêem registando no Pais fazem-nos pensar ao contrario, sobretudo quando temos bem presente a permissão e apadrinhamento que vem sendo feito à entrada de estrangeiros, quantos deles com idoneidade duvidosa, para ocuparem cargos e ocupações que deveriam ser preenchidos por cidadãos angolanos, na mira inclusive, de se diminuir o desemprego. Olhemos para a implantação em todos os bairros e zonas do Pais das chamadas “lojas dos mamadous”, ocupadas geralmente por africanos do oeste europeu, para a venda de produtos alimentares e bugingangas, mas prestemos também atenção a europeus,  maioritariamente provenientes de Portugal, que igualmente se dedicam ao pequeno negocio.

 

Atentemos a cidadãos de origem arabe, quantos com cadastro sujo, que aqui se instalam e rapidamente prosperam no negócio e, na maioria dos casos, fugindo ao controlo do cumprimento das obrigações que as nossas leis impõem, quer no relacionamento com os trabalhadores, com a banca e com a segurança social. Mais grave ainda, porque actua na formação e ou deturpação das mentes, é o escancaramento das nossas portas para a entrada em massa de empresas e pessoal de comunicação de marketing e de publicidade, geralmente atreladas a outros projectos económicos e aquí se eternizam. Concomitantemente, vamos assistindo ao surgimento de alguns projectos editoriais angolanos de capa mas fundamentalmente recheados com a presença, para o seu funcionamento, de estrangeiros, muitos sem capacidade nem idoneidade para tal, situação que, inclusive, já mereceu nota de protesto, quer da Associação Angolana de Publicidade e Marketing como do Sindicato dos Jornalistas Angolanos, pelo perigo que esse caminho ardiloso representa para a formação da mentalidade dos angolanos e manutenção dos projectos que se assumem como centros de ocupação profissional dos cidadãos nacionais.


Não  podendo  pensar que são acções que se realizam diante de poderes instituídos distraídos, porque grande parte deles só se concretizam porque contam com o apoio, conivência ou participação,  através de engajamento nas sociedades, de gente com responsabilidade no País, é lógico que urge denunciar porque elas podem perigar num futuro próximo a estabilidade, atraves de revoltas que geralmente criam. No caso da comunicação e imagem, corre-se o risco de proximamente ver-se empresas angolanas do ramo a terem de fechar as suas portas, com todas as implicações negativas que a situação acarretará, porque, independentemente da sua linha editorial, tiragem, qualidade e penetração, elas deixaram de ser tidas em conta nos projectos de publicidade das empresas nacionais, muitas delas públicas, que preferem suportar publicações e estações televisivas estrangeiras sem que isso represente retorno para o melhoramento da sua actividade e imagem.

 

Auto-Estima e soberania é preocuparmo-nos em sermos donos do nosso destino e nunca pautarmo-nos com o apadrinhamentos de projectos aflitos de outras latitudes na mira de se ganhar mais uns trocados. E se agirmos assim, ninguém poderá acusar-nos de xenofobia ou qualquer outra coisa que não seja aquilo que outros países fazem e muito bem: protecção do que é nosso.


Vale recordar, uma vez mais, uma citação do falecido saudoso Presidente Agostinho Neto, pronunciada no seu último comício na cidade do Lubango, Huila, em 1979: “se não nos acautelarmos, acabaremos por ter um Presidente negro, uma bandeira, um hino, mas o poder económico não estará nas nossas mãos. E a isto, camaradas, chama-se neocolonialismo”.