Lisboa - 1 . O anúncio da descoberta de reservas de petróleo e gás numa área da Zâmbia territorialmente contígua a Angola, província do Barotze, confirma indícios há c 20 anos detectados pelos EUA relativamente à existência na área de uma bacia sedimentar com extensão a Angola – províncias do Cuando Cubango e Moxico.
Fonte: africamonitor.net
Pesquisas petrolíferas no Barotze
Os referidos indícios foram dados a conhecer a Jonas Savimbi, líder da UNITA, que à data controlava partes consideráveis de ambas as províncias. Foram assinalados por satélites militares norte-americanos que então procediam ao reconhecimento do território de Angola com o objectivo de seguir movimentos das forças governamentais.
As aptidões tecnológicas dos satélites empregados na missão permitiam fazer “identificações preliminares” de ocorrências geológicas e mineiras. A representação de tais ocorrências nas imagens dos satélites (imageries) foi em 1988 explicada pessoalmente a J Savimbi como correspondendo a depósitos de petróleo, gás e carvão.
Estudos técnicos e científicos posteriores, incluindo levantamentos aeromagnéticos efectuados no lado da Zâmbia, permitiram corroborar a existência da referida bacia sedimentar – considerada “gémea” (ou de perfil geológico semelhante) à de outras detectadas na região dos Grandes Lagos.
2 . A Zâmbia, que em 2006 havia anunciado publicamente a descoberta de reservas de petróleo e gás no NO do seu território, correspondente à bacia sedimentar, lançou agora um concurso internacional destinado a determinar o potencial das mesmas, tendo em vista a sua futura exploração, no caso de serem consideradas de valor comercial.
A Sonangol está a par do assunto desde há c 10 anos, mas não lhe são conhecidos planos próprios ou em articulação com a Zâmbia tendo em vista o estudo da bacia em toda a sua vastidão, incluindo a parte situada em Angola. Os estudos a efectuar agora na parte zambiana são de prospecção sísmica (ou estratigráficos).
A Zâmbia não produz petróleo, embora seja um país exportador de combustíveis refinados; a RD Congo e Zimbabué são os principais compradores. O crude respectivo, importado na totalidade do Médio Oriente, é processado na refinaria de Indeni/Ndola (não apetrechada para processar petróleo originário de Angola, mais pesado).