Lisboa -   A “explosão” causada pelo  Grupo de Reflexão no interior da UNITA  é encarada em meios políticos, em Luanda,  como reflexo da perca de controle que Abel Chivukuvuku exercia sobre esta corrente.


Fonte: Club-k.net

Lukamba “Gato” entra em campo

O Grupo de Reflexão (GR), nasceu  no interior da UNITA logo após a realização do último congresso agindo na  penumbra em torno de figuras que  naquele conclave apoiaram Abel Chivukuvuku, seu líder-mentor,  da primeira fase. Com a aparente desvinculação de Abel Chivukuvuku, o  GR é,  agora liderado por um coordenador, o empresário Alberto Catengue  e Rafael Aguiar, o director do Instituto de Desenvolvimento e Democracia (IDD).

 

 Em meados de 2010, o Grupo de Reflexão  foi antevisto  como  tubo de ensaio de Abel Chivukuvuku destinado a preservar  a sua aceitação interna, pórém, era citado igualmente como tendo se mostrado apto  em  avançar com o amadurecimento de uma concepção que faria do GR, um projecto político   de alternância  “mais alargado”  distanciado  da  UNITA, caso a actual  direção  lhe criasse bloqueios em futuras corridas a liderança do partido.


Na corrente conotada ao mesmo,  defendeu-se a dada altura  a idéia  de empurrar a direcção do partido para  um “congresso antecipado”   que deveria ser antes de 2011 ao contrario da data prevista estatutariamente. O desejo dos mesmos servia  como prevenção de rumores postos a circular dentro do partido insinuando que a ala de Isaías Samakuva descartaria  a renovação de mandato por via de um   congresso.


Chivukuvuku  encarava  como “mau exemplo” a pretensão de Isaías Samakuva em avançar para um terceiro mandato. Foi assim que em Março de 2010, foi abortado em sua casa por jovens militantes ao qual descreveu  como  “coisas de África”, quanto a reacção do anuncio de Samakuva em pretender renovar o seu mandato  partidário.


Na  forma de pensar   identificada em Chivukuvuku  recaia  a noção de que o mesmo pretendia  avançar para uma candidatura ao próximo congresso caso houvesse garantia de abertura/apoio  da direcção  “cessante”.  A sua forma de pensar é associada a medidas de prevenção de possíveis obstáculos que poderia alegadamente enfrentar do seu adversário que ainda tem  apoio das bases tradicionais (no interior do país) e das correntes conservadoras do partido tidas como “muito decisivas”.


A decisão de Abel Chivukuvuku em seguir para o seu “próprio rumo” foi na altura  sustentada pelas seguintes constatações internas que o deixavam seguro:

 

- Crescente numero de adeptos favoráveis ao seu discurso. Dois influentes membros do Comité Permanente, que  no congresso passado, apoiaram o  Presidente Isaias Samakuva manifestaram-lhe apoio e promovendo  a idéia  de que 95% dos membros do CP estariam  do seu lado.

 

- Passou a ter do seu lado o  antigo Ministro da Saúde, Anastásio Rubem Sikato que  goza da  reputação de quadro integro. Sikato encurtou as participações nos órgãos de cúpula do partido. Em 2010, reuniu  com Abel Chivukuvuku e este sentiu no seu interlocutor sinais de incentivo de avançar como alternância na liderança do partido.

 

- Tem desde a primeira hora e do  seu lado, Carlos Morgado figura que goza de  respeito nas bases por ter cuidado da saúde de muita gente na Jamba e de ter sido responsável da inserção laboral dos antigos enfermeiros da UNITA nas estruturas do governo, ao tempo que foi Secretario da saúde.

 

- A aderência que o  seu Grupo de Reflexão - GR teve na sua fase inicial,  serviu-lhe  de ensaio na sua forma de inserção. O  GR chegou a ser visto como  o  “draft” que daria corpo a um novo ou eventual projecto político de alternância. Militantes do partido que  se juntaram  ao  GR, fizeram na  condição “espontânea” de congelarem a sua militância a UNITA.


-  Passou a ter apoio dos antigos 16 deputados que tiveram problemas com a direcção do partido na legislação passada. No Inicio do ano passado,  os mesmos tiveram uma reunião no bairro Nova-Vida que visou reflectir o partido. Desde então passaram a ter um discurso em favor de Abel  Chivukuvuku.


 
- O seu grosso de apoio  no interior do país estará no Huambo, facto verificado pelo mesmo  em 2009. Em Fevereiro deste ano voltou novamente a província e muitos militantes foram visitá-lo no hotel em que esteve hospedado. Tem apoios  na  província no Namibe, dentre os quais o do actual    Secretário Provincial da JURA, Jó Hotel Mbonga e da ex- Secretária  provincial da LIMA,  Odília Kandambo.

 

- Tem em mente de que o MPLA tem medo de si. Elementos próximos ao núcleo do general “Kopelipa” fizeram-lhe saber  que é a ele quem JES mais teme num combate eleitoral  democrático. É de opinião porém, que numa corrida com ele,  JES voltaria a recorrer a fraude eleitoral razão pela qual estabeleceu que o “time” correcto para concorrer as eleições presidências seria num cenário sem o Presidente da República.


- Apoio nas franjas do MPLA  sobretudo das mais urbanas e no seio dos  jovens que se mostram desapontados com a falta de oportunidades ou que reclamam  que apenas as famílias nobres estão a beneficiar dos cargos e casas.

 

Por outro lado, conhecedoras,  analises de figuras fora da UNITA, inclinam-se na percepção de que a transformação do Grupo de Reflexão (GR) de Abel Chivukuvku em projecto de alternância política  iria fragilizar a UNITA, em beneficio do MPLA. Seria uma “brecha” para  justificar que os 3% de votos que se pretende atribuir a UNITA nas próximas eleições  deveu-se as divisões internas.

 

A nova liderança do Grupo de Reflexão da UNITA coloca de lado a idéia de se transformarem numa formação política. Assumem agora como uma corrente contestaria a liderança de Isaías Samakuva  a quem pressionam a sua saída para dar lugar a uma comissão de gestão conduzida por Lukamba Paulo “Gato”.

 

Há ventilações segundo a qual os mesmos optam por ter Lukamba “Gato”, para a fase de “transição” até ao XI congresso, que seria o momento em que Abel Chivukuvuku apareceria como o candidato natural proposto por unanimidade. De momento, o  Grupo de Reflexão, opta por  preservar ou não citar o nome de Abel Chivukuvuku para a etapa de transição.

 

Não há informação exacta quanto a  posição  de Lukamba “Gato” sobre os problemas decorrentes. O facto de não ter reagido publicamente a semelhança do Vice-Presidente, Ernesto Mulato, e do filho de Savimbi, Rafael Massanga  dá certeza ao Grupo de Reflexão de que o mesmo não os vai deixar “mal”, no momento certo.

 
Esta  semana foram inclusive posto a circular rumores dentro da UNITA, insinuando  de que Lukamba Paulo “Gato”  iria estar presente na conferencia de imprensa dada pelo Grupo de Reflexão no hotel fórum em Luanda. Tais rumores foram acompanhados com outros detalhes desencontrados  tido como desinformação, destinada a provocar diversão.


 A saber:


- Informação de que fez pacto com Isaías Samakuva no sentido de se tornar o Vice-Presidente após ao  próximo congresso, assumindo a transição que dariam a liderança a Abel Chivukuvuku, no período pos Samakuva.


- Rumores de que  iria  se tornar solidário ao  Grupo de Reflexão; descrevem-no como tendo solicitado uma audiência a Isaías Samakuva, cujo encontro não ocorreu por motivos de agenda do presidente do Partido.


Há explosão do   Grupo de Reflexão  começou com a circulação de um memorando posto  a circular nos meios de comunicação social em Luanda, subscrito por quatro militantes que viram a aderência do projecto a crescer.  A sua estratégia de depor a direcção da UNITA obedece a etapas a serem seguidas. Uma das recomendações internamente estabelecida é  a  de que não devem  ir aos órgãos de comunicação estatal no sentido de não haver aproveitamento por parte do regime.

 

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