Luanda - Foi com grande interesse que acompanhei atentamente a evolução dos acontecimentos no seio da UNITA, no seio do meu Partido do Coração, no qual eu cresci e dediquei toda minha vida durante 45 Anos, desde sua fundação no dia 13 de Março de 1966, na Vila do Muangai, na Província do Moxico.


Fonte: Club-k.net


É encorajante, é bom sinal, de que os Angolanos na diáspora estejam a acompanhar de perto a situação do País e a evolução da democracia na Sociedade e no seio dos Partidos políticos. Obvio, os Partidos políticos desempenham o papel decisivo na construção da democracia. Alias, são Autores e Gestores principal das Instituições do Estado. Quem governa as Nações e os Estados são evidentemente os Partidos políticos.

 

Por isso, eles devem estar bem democratizados internamente para que possam conferir ao Estado uma Cultura e uma Prática genuinamente democrática; que seja parte integrante da Alma e do Espírito dos Dirigentes políticos e Estadistas. A Política é uma Ciência, é uma Filosofia, é uma Doutrina e é uma Arte que se fundamenta nos Princípios ideológicos universais. Ela, a Politica, na vertente doutrinária, não pode se transformar num Dogma abstracto, sem fundamento e sem reflexo na vida real da Sociedade e das transformações constantes que ocorrem dentro e fora do País.

 

A Politica é o movimento constante que busca o melhor de si, na transformação das Sociedades para os níveis mais elevados da vida social, económica, cultural, tecnológica e científica. Esses factores fundamentais da vida humana, dentro do Estado, é que servem de um barómetro para reflectir a qualidade e o desempenho de um Partido político.


Isso pode-se constatar através do seu crescimento interno no seio da Sociedade. Numa Sociedade democrática, o Sufrágio Universal constitui o único instrumento para avaliar a grandeza de um Partido político. Noutras palavras, o tamanho da Representatividade de cada um no Parlamento Nacional, que lhe confere a dignidade, a legitimidade politica e o grau da aceitação na Sociedade. Isso consagra igualmente o prestígio, a sua visão e a credibilidade de um Líder político.

 

Recentemente, assistimos ao Acto de grande honestidade, de patriotismo e da democraticidade. Revelou a profundeza e a maturidade da Democracia Portuguesa. Me refiro justamente ao Dr. José Sócrates, Líder carismático do Partido Socialista Português, que assumiu a derrota eleitoral, com cabeça bem erguida, sem subterfúgios. Posto a disposição, de forma voluntária, o seu Cargo de Chefia. Esta postura singular reflecte a integridade do Estadista, o Espírito democrático e o Sentido forte de Estado e do Patriotismo.
Os Partidos são Bens Comuns da Sociedade, de todos Cidadãos. Pois, os Actos de cada um deles afectam directa e indiscriminadamente todos Cidadãos daquele País. Logo, não devem ser administrados como se fosse uma Quinta privada ou uma Herança familiar.

 

Eu, pessoalmente não encontrei nenhuma Lógica de aplaudir um Líder que deixa o seu Partido perder drasticamente 54 Mandatos no Parlamento? Um Líder que, em 8 Anos do Consulado consecutivo, não conseguiu juntar uma Verba especifica para realizar o Congresso, Órgão Supremo do Partido. Um Líder que criou rupturas enormes nas fileiras do Partido. Um Líder que não foi capaz de reconciliar, de unir e de congregar os membros. Um Líder que não criou mínimas condições de auto-sustentabilidade e de auto-financiamento do Partido.

 

Estamos a tratar de um Líder que não criou mínimas condições de trabalho para as Estruturas do Partido. Um Líder que vendeu a Sede do Partido na Mutamba e deixou o Partido a refugiar-se na Sede Provincial de Luanda, em São Paulo. Um Líder que não impulsionou o Processo da democratização interna, de alternância e da delimitação de Mandatos. Enfim, para convocar o Congresso foi necessário a pressão dos Quadros. Com uma postura bem musculada, revelando a sua ambição desmedida de permanecer na Presidência, a todo custo. Será, este Homem, um democrata, que o Senhor Carlos Alberto tanto defendeu no seu Artigo?

 

Me interrogo, será este tipo da democracia, de meia-tigela, e do crescimento insustentável que a UNITA aspirava no IX Congresso, em 2003? Será que, numa democracia genuína, os Militantes partidários não tem o direito e a liberdade de questionar o desempenho da Liderança do seu Partido? Deste jeito, não estaríamos perante um sindroma de Culto de personalidade e do Autoritarismo? Veja só! Um Líder que, nas circunstâncias criticas foge e abandona o seu Rebanho, à sua sorte; para ele se instalar na Metrópole Europeia; longe da tragédia que se verificou no País! Violando, de forma flagrante, o Principio fundamental da UNITA, segundo o qual: “Manter os Membros Dirigentes do Partido no interior do País junto das populações locais e das estruturas do Partido.”

 

Na minha óptica, as liberdades de expressão, de informação, de consciência e de manifestação são Direitos inalienáveis, consagrados na Constituição da Republica de Angola e do Direito Internacional. A privação dos Cidadãos desses Direitos Fundamentais pelos Estatutos partidários, sob pretexto de medidas disciplinares, é um Acto de inconstitucionalidade que viola o fundamento dos Ideais democráticos. Este Quadro Jurídico não coaduna com os Preceitos modernos que destacam, acima de tudo, os direitos, liberdades e garantias individuais.

 

Um dos factores fundamentais da democracia é o exercício do Sufrágio Universal. Mas, para que seja legítimo e credível, é preciso que seja transparente, justo, livre, igual, imparcial, honesto, participativo, representativo e inclusivo. Neste caso especifico, já se faz sentir antecipação de actos de manipulação prévia do Processo eleitoral através da identificação e exclusão de muitos delegados ao próximo Congresso.


Quanto a Renúncia ou Congelamento da minha Militância na UNITA, evocado por alguns Círculos, não tem razão de ser. Trata-se de um Acto de Calunia, de difamação e de Conspiração política que visa essencialmente afastar-me do Partido. Todavia, lanço o desafio aos meus detractores apresentar publicamente um documento formal, escrito e assinado por mim que contenha a Renúncia ou Congelamento da minha Militância na UNITA. Em função disso, tomo a liberdade de publicar a minha Carta, neste Espaço do Club K Net, que o Senhor Carlos Alberto fez referência, cita: “Carlos Kandanda congelou a sua militância por Carta até 2017.”


Aqueles que acusam os outros de ter recebido trocos do Regime, no fundo são os mesmos que andam nas caladas da noite, nos corredores do Sistema, num jogo sujo de Conspiração. Meu Xará, Carlos Alberto, está muito distante, lá no Montreal, onde não vê bem o que passa cá, na baixa da Mutamba.

Luanda, 10 de Agosto de 2011

Conecta: http://baolinangua.blogspot.com

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