Benguela -  O contexto geográfico, decorrente de varias situações do país, juntou em Angola, novos grupos etnolinguísticos de expressão nacional. O complexo mosaico etnolinguístico do nosso país, fundou reinos importantes. Os Bakongos, os Quimbundos, os Ovimbundos, os Lundatchokues, os Nganguelas, os Nhaneka Humbi, os Ovambos, os Ereros, os Kuangari Mbukusu, os Vasekeles, os Mestiços e os Brancos, estes fazem a estrutura social hoje no nosso país.


*Israel Samalata
Fonte: Folha8


Partindo desta realidade, como é que vamos criar esta Nação de pertença?... Em que cada um se sinta parte desta nova realidade que é Angola?... Podemos dizer aqui, que a acção politica que ocorre no âmbito dos processos sociais, assenta sempre na força das ideias. As ideias são a força motora de mudanças para a construção das sociedades. As ideias são o factor propulsor, de dinâmicas internas, que ocorrem dentro dos Estados e das organizações, disse Alcides Sakala secretario para as relações exteriores e porta voz do Galo Negro, a quando da sua vinda a cidade de Benguela na ultima semana, a convite da Omunga, durante um debate que comoveu o grosso de intelectuais desta praça, que a par da cena política actual, discutiram intimamente, sobre: “A Construção do Estado da Nação e as Liberdades do Povos”, numa das unidades hoteleiras.

 

Sakala, no seu discurso disse igualmente que esta é uma dinâmica evolutiva, que com o andar do tempo, há formas mais complexas de organizações sociais. Aquele membro do Galo Negro, particularizou fundamentalmente o papel das ideias no contexto das elites. As elites, têm um papel extremamente importante no seio das sociedades, com vista na promoção de mudanças. Citando Robert Michael, o político fez acreditar que, nos sistemas democráticos, actuam diferentes elites políticas, todas dirigidas naturalmente por Estados Maiores, na sua luta pelo poder. Sakala, por meio de suas palavras, disse que, a “Posse do Poder é breve para cada uma delas, enquanto outros aguardam com esperança a sua oportunidade para governar”. Mas está na moda em Africa, ficar décadas no Poder. Os dirigentes africanos que insistem nesta lógica, muitas vezes acabam como Khadaf, Mubarack e como outras lideranças. No entanto, são casos que têm de ser abordados com muito realismo.


A problemática da longevidade no Poder, traz por si, só, factores de tenção e de conflituosidade, acrescentou o prelector. R.Michael segundo Sakala, dissera que, “no quadro das sociedades, democráticas enquanto alguns estão no Poder, os outros aguardam pela sua vez, para não acontecer como na Libia. Khadaf hoje, onde o homem que mais ideias trouxe para o continente africano, sendo até o animador da ideia da construção dos Estados Unidos da África. Khadaf foi quem deu mais dinheiro a União Africana, é foi Khadaf que ajudou aqueles países do Sael, teve uma série de dificuldades, mas não conseguiu resolver os problemas do seu próprio povo e é este povo que hoje está a correr com ele.

 

Khadaf não tinha parlamento, nem constituição. Tinha apenas um livro verde. Estas referencia segundo apurou o secretário para as relações exteriores da UNITA, que estes enquadramentos  que aqui fizemos da acção das ideias, constitui um papel importante das elites no seio das sociedades, como produtor de ideias, promotores e impulsionadores, de mudanças sócias.

 

Khadaf teria deixado o país de uma forma diferente, em que ele deixaria um legado muito importante, para o continente africano. Falando para a classe maioritariamente universitária, Sakala ao referir-se do Português Dr. Jaime Nogueira Pinto, acrescentou que, “no topo de cada sociedade, se forma uma minoria mais ou menos integrada e coerente que controla o Poder político e os benefícios relativos a sua posição”. Falando de Paretto um escritor Italiano, este entende que a elite, “é a classe daqueles que têm, os índices mais elevados, nos ramos onde desempenham a sua actividade”. São pessoas, dotadas de competências e realizações excepcionais, numa determinada pratica social. Mas nós diríamos que, mais duque o poder das elites, é a elite do poder que detém de facto um conjunto de papéis estratégicos, um conjunto de funções estratégicas unidas a uma coincidência de interesses comuns e semelhantes da sua actuação.

 

Os Estados Africanos Modernos, São Frágeis, Por Ausência de Instituições Fortes!



Em África de forma geral, a elite no Poder, circunscreve-se em qualquer circunstância ao papel das elites étnicas, detentoras do poder politico, numa determinada época, e quase sempre distribuídas nas três hierarquias institucionais, do Estado na base da confiança e da fidelidade étnica. É para a nossa reflexão. Sakala, teceu algumas referencias sobres as complexidades que Mobutu veveu, na RDC então Zaire e Kabila pai no mesmo país, assim como de Mandela, na forma como ele saiu do Poder. As elites africanas empenhadas no processo de construção social, também diria para as elites angolanas para esta geração, que não viveu a guerra. Nós bebemos a guerra, conhecemos a etnicidade no dos conflitos, é só vermos as fracturas que surgiram no seio do nacionalismo angolano. Surgiram três movimentos de libertação nacional, que tinham bases de apoios importantíssimas em relação a determinadas zonas do país. Terminado este período como é que vamos reconciliar a sociedade e perspectivarmos um desenvolvimento, uma paz que chegue a toda gente.

 

Para que estiver empenhado neste processo, teremos que partir das seguintes constatações: Os Estados africanos modernos, são frágeis por ausência de instituições fortes. Nós temos homens fortes, que governam com instituições ou inexistentes ou frágeis. Se a Líbia tivesse tido instituições fortes Khadaf não teria corrido com está a correr agora. Para Sakala, os Estado africanos herdaram fronteiras coloniais. O que por si, só já é um problema. Para elites interessadas em dar a sua contribuição ou participar na construção do país moderno, têm de partir do principio que em África domina o processo elites de determinados grupos étnicos, que impõem a sociedade global, a sua visão de sociedade e negam quase sempre o dialogo inter-etnico, com vista a construção de sociedades justas, coesas e que aceitem fundamentalmente nos compromissos. Tem havido um défice muito grande. Ainda Sakala, entende que a Nação é a alma do Estado. Disse que para Rená o francês, Nação é um princípio Espiritual.

 

Em Angola, a aceitação mútua ainda está muito distante. É só vermos o resultado da comissão de inquérito parlamentar, onde a violação dos direitos humanos, assumem formas de intolerância. Segundo Sakala, H. Carneiro disse que no Huambo não há intolerância politica, estamos muito distantes da reconciliação nacional, concluiu.