Luanda – Provavelmente dentro de escassos dias, o grupo de jovens manifestantes – detidos a 3 de Setembro do corrente, durante uma manifestação anti-governamental – prevêem realizar uma conferência de imprensa a fim de revelarem, detalhadamente, os momentos dramaticamente vividos dentro das esquadras policiais e nas cadeias. A informação foi avançada, ontem no decorrer da manifestação, por Alexandre Dias dos Santos, vulgarmente conhecido por “Libertador”, um dos libertos.
Fonte: Club-k.net
Nós temos provas que o general José Tavares mandou matar o Luamba um dia antes da manifestação de 3 de Setembro
“Nós agendamos para dentro de uma semana realizar uma conferência de imprensa onde vamos esclarecer muita coisa. Dentre elas, as inverdades dos senhores Bento Bento, Bento Kangamba, Norberto Garcia e companhia, que tiveram a ousadia de inventarem muitas coisas a nosso respeito, durante os dias que permanecemos presos”, afiançou.
Dos indivíduos a desmentirem, segundo Libertador, consta ainda o nome do administrador municipal de Sambizanga, general José Tavares, que tentara – dias antes da manifestação de 3/9 – aliciar os púberes revolucionários com uma soma avolumada de 270 mil dólares, além de oito carros de marca Jimmy. Mas, o suborno não será o caso.
“Nós temos provas que o general José Tavares mandou matar o Luamba um dia antes da manifestação de 3 de Setembro”, revelou a fonte, explicando como tudo adveio. “No dia 2 de Setembro, antes da manifestação, o Luamba escapou por um trio de ser assassinado. Ele foi atraído por uma mulher num apartamento localizado na ex-Avenida Brasil, onde curiosamente se encontrava – a poucos metros – o general Tavares, um dos principais negociadores das oito carinhas e dos tais 270 mil dólares que nós negamos. Nós temos prova sobre este caso. Nós conhecemos muito bem onde fica o apartamento onde o Luamba, por pouco, perderia a vida”.
“Também acusados pelo senhor Bento Kangamba de termos lhe pedido o seu dinheiro de feitiço. Isso não passa é puramente mentira, uma vez que os nossos advogados tinham dinheiro suficiente para pagar a nossa fiança, caso não fossemos, por malandragem daquele juíz Damião e da sua corja, para às cadeias”, avançou o ‘grande’ Libertador, que por ironia do destino é um dos sobrinhos do vice-Presidente da República, Fernando Dias dos Santos “Nandó”, reforçando que “por estes motivos, nós sentimo-nos obrigados a fazer está conferência de imprensa para desmentir muita coisa”.
A DECISÃO DO JUÍZ
Para o também líder do Movimento Revolucionário de Intervenção Social (MRIS), a decisão do juíz Damião, do tribunal da polícia, se baseou em mentiras. “Aquilo foi uma sentença encomendadas por alguém do regime, visto que agora o Tribunal Supremo anulou a sentença”, realçou o nosso entrevistado, assegurando, por outro lado, que “não confiou muito neste Tribunal Supremo porque ainda vamos ter uma surpresa. De 15 em 15 dias, temos que ir assinar o nome lá num livro, o que para nós significa uma armadilha para o futuro. Uma vez que a Direcção Provincial de Investigação Criminal (DPIC) voltou, novamente, de fachada, a averiguar o caso”.
TRATAMENTO NAS CADEIAS...
“Os primeiros dias foram péssimos. O tratamento não foi bom, sobretudo nas esquadras. Na DPIC então foi um verdadeiro inferno. Nós não éramos presos normais, os bandidos mais perigosos tinham mais liberdade que nós dentro das cadeias”, revelou o também ex-secretário municipal da UNITA no Sambizanga.
“Na cadeia de Caboxa fomos colocados num Bloco A, onde havia mais de 20 celas, e em cada cela albergava oito pessoas. Mas, por ordem sei lá de quem, evacuaram todos os presos para outros blocos e ficarmos sozinhos num total isolamento durante quatro dias. Sem ver, nem sequer um pássaro”, contou.
Segundo Libertador, só foram posto num Bloco comum, e passarem a ter acesso à televisão, quando os seus companheiros voltaram, solidariamente, a manifestar contra as condições que lhes foram submetidas. “Graça a está manifestação que nós passamos a desfrutar dos nossos direitos como presos. Senão, estávamos numas celas cheias de abelhas e mosquitos”, frisou, acrescentando “não sei se está metida era propositada, porque até a comida era péssima. Graças ao apoio da sociedade civil e de alguns partidos nomeadamente: Bloco Democrático, UNITA e do Partido Popular, que nos ajudaram em termos de alimentação”.
PSICOLOGICAMENTE
Os 18 jovens manifestantes – que agora se tornaram emblemas de manifestações anti-governamentais no país e libertados sob a ordem do Tribunal Suprema – não apresentam qualquer sinais de arrependimentos pelos largos dias passados nas cadeias. Pois, segundo a nossa fonte, não fizeram nada de errado, além de simplesmente exercerem um direito constitucional.
“Estamos mais forte do que nunca, razão pela qual estamos aqui hoje nesta manifestação em solidariedade ao jornalista e advogado, William Tonet”, garantiu, Libertador, justificando que “eles prenderam os nossos corpos, mas não o nosso pensamento de dizer, por exemplo, que 32 anos é muito!”
VISITAS...
Durante o período em que foram encarcerados na cadeia de alta segurança, os cinco púberes somente se deixavam ser visitados pelos membros da sociedade civil, além dos seus parentes, amigos e advogados. Há escassos dias, este grupo recusou energicamente de receber a visitar de uma delegação do ministério do Interior, chefiado pelo vice-ministro do Interior.
“Na cadeia onde tivemos os cinco, estava para ir uma delegação do ministério do Interior e nós fizemos uma confusão a dizer que não queríamos receber ninguém, e em caso de insistência não iríamos nos responsabilizar pelo qualquer acto que sucedesse, uma vez que não éramos obrigados a receber ninguém”, assoalhou Libertador, muito embora está delegação tivera simplesmente efectuado a visita na Comarca de Viana, onde se encontravam os outros 13 púberes, afecto ao grupo.
“Nós ficamos a saber que, está delegação manteve um encontro o grupo de Viana. Inclusive fizeram-lhes promessas para quando saírem. Tipo o quê que vocês precisam? Quais são os empregos onde vocês querem trabalhar?”, sentenciou.