Em declarações à Voz da América, este sacerdote, especialista em resolução de conflitos, deplorou a forma como a Igreja Católica se insurgiu, recentemente, contra o Padre da Arquidiocese do Lubango, Benedito Kapinhala.
Este líder clérigo foi acusado pela Conferência Episcopal de Angola e São Tomé de ter apelado ao voto na UNITA, atitude que para esta congregação religiosa «é da sua inteira responsabilidade.»
Mas o padre Pio Wacussanga diz que a intervenção dos eclesiásticos deve estar baseada no encorajamento da solidariedade, fraternidade e na partilha de bens e valorização da actividade humana.
«Nós estamos numa sociedade em que tudo que vá no sentido de renovar o debate é logo rejeitado», observou o prelado católico.»
Numa atitude de manifesta oposição à postura da CEAST, ele insistiu que «nós estamos habituados a sermos dirigidos no sentido de nunca questionar infelizmente e isto é mau do ponto de vista de convivência, tolerância, de coexistência de ideias novas e renovadoras».
O padre Pio entende que «a política deve ser informada pelo próprio evangelho devido ao impacto deste sobre a vida social e também política.»
A Conferência Episcopal de Angola e São Tomé (CEAST) «condenou e lamentou», a 19 deste mês, a atitude do padre Benedito Kapingala por, alegadamente, ter apelado aos fiéis a votarem na UNITA no tempo de antena televisivo deste partido.
Num comunicado de imprensa divulgado em meados deste mês, a CEAST tinha afirmado que a posição do padre afecto à arquidiocese do Lubango era da sua inteira e exclusiva responsabilidade e não vinculava a Igreja Católica.
A Igreja Católica convidou os fiéis «a votarem em consciência» lembrando aos sacerdotes, catequistas e religiosos a absterem-se de qualquer envolvimento nas campanhas partidárias «sob pena de sanções disciplinares.»
Fonte: VOA