Luanda - Bornito de Sousa, Isaías Samakuva, José Mena Abrantes, Adão de Almeida, Alcides Sakala, Raul Danda, Marcolino Moco, Dinho Chingunji – à partida pouca coisa terão em comum, para além do facto de serem angolanos e políticos. O primeiro da lista não está ali por acaso.


Fonte: Novo Jornal


Bornito de Sousa, actual Ministro da Administração do Território (MAT) tem sido o governante mais activo nas redes sociais. Demonstrando, por vezes, uma abertura pouco usual no seio do MPLA, Bornito de Sousa é interventivo, lança debates no seu “mural” (é assim que se designa o espaço onde a interactividade ganha força) e responde às questões que ali são colocadas.


Um nível de batebola nunca antes visto. As outras figuras públicas citadas têm também demonstrado grande abertura ao debate e à troca de ideias. Aliás, Sakala e Isaías Samakuva já foram à “Mesa de fogo virtual” e sujeitaram-se – no bom sentido – a todas as perguntas dos facebookianos. Isaías Samakuva, por exemplo, chegou mesmo ao ponto de responder directamente às perguntas com comentários pessoais. “Como está o amigo? Então e os estudos, correm bem?” – algo que dificilmente aconteceria no dia-a-dia.


“Os cidadãos têm estado a melhorar o seu acesso à informação, mas os media em África têm enfrentado outros problemas. De legitimidade, talvez. Por exemplo: parece que como faltam alternativas em muitos países, a população olha para os jornalistas enquanto agentes políticos, como se tivessem de assumir o papel da oposição política que não existe”, frisa Innocent Muhozi, jornalista do Burundi, em conversa com o Novo Jornal durante um encontro nos EUA.


De vez em quando, há uma tendência da população que vive no facebook em colocar no mesmo plano os partidos e as redes sociais. Phil Nelo, jornalista angolano e funcionário da representação diplomática americana em Luanda, pensa “que os políticos angolanos estão a encontrar no facebook uma maneira fácil de expor as suas ideias”.


“Embora ainda de forma tímida, constatamos que alguns políticos utilizam o facebook, sobretudo, para fazer anúncios das suas actividades ou organizações. Há que destacar alguns como Marcolino Moco, Samakuva, entre outros, que se abriram às questões dos utilizadores durante dois dias consecutivos de entrevista. Isto é obra!” Também Sérgio Calundungo acredita que estamos “perante uma nova etapa” no exercício da actividade pública. “Agora, o facebook não resolve o problema das assimetrias no acesso à informação apesar de conseguir juntar a informação e a opinião no mesmo espaço. O que é uma vantagem”, defende.


As redes sociais não representam a maioria (quantidade), mas dão-nos “a possibilidade de ouvir pessoas com argumentos de qualidade”. “O facto de algumas figuras públicas [não só da política mas também do mundo empresarial, do desporto e da cultura] sentirem a necessidade de interagir democratiza o acesso às suas ideias”, remata Calundungo.