"Ela teve um papel extremamente importante durante o auge do apartheid (...). Ela foi a única pessoa no parlamento sul-africano que mantinha a oposição ao apartheid."
"Ela lutou sózinha, durante várias décadas, contra o grande império do Partido Nacionalista. Ela fez isso com uma coragem imensa. Foi uma pessoa que não tinha medo de ninguém", explicou Lang à BBC Para África.
O jornalista recorda que "ela foi a primeira sul-africana, na oposição que foi visitar o então líder do ANC, Nelson Mandela".
"Mesmo as pessoas que lutaram contra ela tinham que reconhecer a sua coragem. Foi uma pessoa extremamente importante para a história da África do Sul", lembrou.
Nos últimos anos a sul-africana continuou a expressar as suas opiniões sobre o que descrevia como as falhas do actual governo do ANC.
Voz crítica
Suzman foi inicialmente eleita para o Parlamento Sul-Africano pelo Partido Unido (United Party) e mais tarde pelo Partido Progressista (Progressive Party)
Durante 13 anos, Suzman - filha de emigrantes judeus da Lituânia - foi a única pessoa no parlamento a criticar abertamente o regime discriminatório sul-africano do apartheid.
Suzman recebeu o título de Dama atribuído pela Raínha Isabel II de Inglaterra em 1989 e foi nomeada por duas vezes para o Prémio Nobel da Paz.
A família da ex-deputada pretende realizar o funeral no próximo fim-de-semana e um serviço de homenagem pública no próximo mês de Fevereiro, anunciou a agência de notícias SAPA.
Mandela
Suzman, que há já algum tempo se encontrava debilitada, faleceu na sua casa em Joanesburgo nas primeiras horas do primeiro dia do ano.
O Arcebispo Desmond Tutu disse que a África do Sul lhe devia uma enorme dívida. "Ela era realmente indomável", recordou Tutu.
Suzman recebeu das mãos do então presidente Nelson Mandela a mais alta distinção do país pelos serviços à nação na luta contra as leis da segregação racial.
O director executivo da Fundação Nelson Mandela, Achmat Dangor descreveu-a à agência AP como "uma grande patriota e uma combatente destemida contra o apartheid".
Helen Suzman foi eleita pela primeira vez em 1953 e era considerada como uma farpa no regime do apartheid.
Quando Nelson Mandela esteve detido na prisão de Robben Island por 18 anos, a deputada visitou várias vezes o líder detido do Congresso Nacional Africano.
Na sua biografia, Mandela recorda Suzman: "Foi uma visão estranha e magnífica ver esta mulher corajosa a ver a nossa situação e a passear-se pelo pátio da prisão. Ela foi a primeira e única mulher que alguma vez passou pelas nossas celas".
O antigo presidente PW Botha chegou a referir-se a Suzman como um "gato pequeno e feroz". A deputada, pela sua parte, chegou a dizer que caso Botha fosse uma mulher, viajaria para o parlamento "a vooar numa vassoura".
Depois de ter abandonado o parlamento em 1989, e apesar do estado débil que apresentava há alguns anos, Suzman continuou a expressar as suas opiniões, em particular sobre o que dizia serem os falhanços da direcção do ANC pós-apartheid.
Fonte: BBC