Luanda - A petrolífera Sonangol, liderada por Isabel dos Santos, deixou de ter a figura de presidente da comissão executiva, conforme novo estatuto orgânico aprovado pelo ex-chefe de Estado angolano, que entrou em vigor depois da posse de João Lourenço.

Fonte: Lusa

O novo estatuto orgânico da Sociedade Nacional de Combustíveis de Angola (Sonangol), a que a Lusa teve hoje acesso, foi aprovado por José Eduardo dos Santos a 21 de setembro e publicado seis dias depois, já após ter cessado funções de chefe de Estado, surgindo na sequência da exoneração de Paulino Jerónimo das funções de presidente da comissão executiva.


A Sonangol funciona agora com dois órgãos, o conselho de administração, com até 11 membros, sendo atualmente liderado por Isabel dos Santos, filha de ex-Presidente da República, e um conselho fiscal.


«O conselho de administração é o único órgão a quem, com os mais amplos poderes dentro dos limites da lei e do presente estatuto, compete a gestão da Sonangol EP, respondendo perante o Governo pela gestão da empresa, sem prejuízo da responsabilidade civil em que os seus membros se constituam perante a empresa ou perante terceiros e da responsabilidade criminal em que incorram», lê-se no documento.


Em concreto, o estatuto refere que Isabel dos Santos, enquanto presidente do conselho de administração, tem a competência de propor a `nomeação, recondução e exoneração dos representantes da Sonangol EP nos órgãos de gestão de outras empresas´, mas também `definir os pelouros de cada administrador´.


A aprovação do estatuto orgânico da Sonangol pouco antes de sair de funções, e da posse de João Lourenço como novo Presidente angolano, surge em simultâneo com outras duas decisões de José Eduardo dos Santos, exonerando três administradores executivos - entre os quais o presidente do conselho executivo - e nomeando outros três para a administração da petrolífera.


A empresária Isabel dos Santos assumiu em junho de 2016 o cargo de presidente do conselho de administração do grupo Sonangol, nomeada para as funções pelo pai, José Eduardo dos Santos, então chefe de Estado angolano, tendo como missão conduzir a reestruturação da petrolífera, o maior grupo empresarial de Angola.


«A empresa estava com os cofres vazios, tínhamos muitas dificuldades e este ano tem sido um ano no fundo de gerir essas dificuldades e conseguirmos passo a passo sobreviver às dificuldades e devagarinho começar a pensar no futuro», disse Isabel dos Santos, a 26 de setembro, após a cerimónia de investidura de João Lourenço como Presidente de Angola, sucedendo a 38 anos de liderança de José Eduardo dos Santos.


A empresária admite que ainda é cedo para se ´pensar num futuro brilhante´, salientando que continua a decorrer o trabalho para se atingir a estabilidade da empresa e fazer com que as suas necessidades sejam cumpridas.


«Temos reduzido custos, temos instaurado um clima de mérito, as pessoas que merecem estão nos bons lugares, elas é que terão os cargos, tentamos mudar alguns critérios de trabalho, dar prioridade realmente ao que é importante. Quando se tem poucos recursos, quando não há muito dinheiro, é importante fazer o melhor possível com o pouco que se tem e é essa a filosofia que se tem estado a aplicar na empresa», salientou.