Lisboa - Ana Gomes considera que Angola não constitui um bom exemplo em termos de aprofundamento da democracia. A eurodeputada justifica o seu argumento tendo como esteio o resultado saído das eleições angolanas realizadas a 23 de Agosto, que ditaram a vitória do MPLA por maioria qualificada - com 61% dos votos.
* Salomão Chitonga
Fonte: Club-k.net
Criticando o pleito eleitoral angolano como não tendo sido livre, justo e transparente, uma vez que os cidadãos não participaram no acto de contagem de votos, essencial em qualquer democracia, sublinhou: «as últimas eleições angolanas não tiveram qualquer credibilidade, não porque o povo não tivesse ido votar ordeiramente, com confiança e com esperança, mas porque depois, no processo da contagem que é bastante essencial, elas foram totalmente opacas, manipuladas e sem ponta de credibilidade».
Ana Gomes, que falava à margem da conferência sobre “Migrações e Objectivos de Desenvolvimento Sustentável” realizada a 29 de Setembro na Universidade de Évora, em Portugal, afirmou que a recusa da assinatura por parte de Angola de um memorando prévio com a União Europeia para observar as eleições de 23 de Agosto constituiu um caso «flagrante da falta de interesse do Governo angolano em não aprofundar o processo democrático, de torná-lo mais inclusivo e participativo». E não se ficou por aí: acrescentou que a condução das últimas eleições foi feita «à revelia do império da lei», e recorrendo às recentes declarações do deputado da Unita Raul Danda, disse que Portugal «se verga perante as autoridades angolanas».
Salientou que em breve vai conversar com os peritos da União Europeia, que acompanharam as eleições de 23 de Agosto que, como se base, não farão declarações políticas nem relatório.
O evento que juntou professores e estudantes, esteve enquadrado nas comemorações do Ano Internacional do Entendimento Global comemorado em 2016, bem como na reflexão partilhada dos Objectivos de Desenvolvimento propostos pela Organização das Nações Unidas na Agenda 2030.
A primeira conferência, realizada em Janeiro de 2016, foi dedicada à temática “Cooperação e Desenvolvimento Sustentável: rumo a mundo melhor”, tendo contado com a presença de Ramos Horta como orador principal. A segunda [conferência], que se realizou em Outubro de 2016, sob o lema “Os Direitos Humanos e Desenvolvimento Sustentável”, contou com a participação do antigo chefe de Estado português Jorge Sampaio.