Whindoek - O General Nino Vieira tinha o hábito de manter a sua casa vigiada por câmaras de segurança. No inicio da década de noventa, um especialista português, Jorge Quadros, instalou, para si, no palácio presidencial, um apetrechado sistema interno de vigilância televisa. A sua casa, na rua de Angola, onde veio a ser assassinado também tinha e o seu antigo assessor de informação, Báciro Dabó, era um dos poucos habilitados ao assunto. Logo após ao seu assassinato, “Bass” Dabó, como também era conhecido foi a casa do Presidente, pegou os vídeos e fez chegar copia do mesmo a um sociólogo guineense que vive temporariamente no Senegal.
Fonte: Club-k.net/Jornal Angolense
Bacai Salam apostado na reconciliação nacional
Baciro Dabó que era no governo, o Ministro da administração territorial estava condenado a ter o mesmo destino que o de Nino Vieira, salvo se mantivesse calado. Ameaçou denunciar que as primeiras balas que perfuraram o corpo do falecido presidente saíram da arma do ex comandante militar da zona norte, Coronel António Indjai, hoje feito Vice Chefe do Estado Maior do Exercito.
Dez dias antes de Baciro Dabo ter sido assassinado, o comandante Zamora Induta retirou lhe a segurança protocolar na seqüência da sua saída temporária do governo para se dedicar a campanha presidencial de que era candidato independente. Quando foi morto, os militares vasculharam a sua casa sem que tivessem encontrado o pretendido. O “mais velho”, Samba Djaló que em meios de “intelligênce”, se diz ser o oficial que disparou contra Báciro Dabó, foi feito por Zamora Induta, a figura que agora despacha os documentos dos Serviços de Informação do Estado (SIE). O Director geral, Coronel, João Correia, tinha sido detido/suspenso por se ter recusado assinar um comunicado que denunciava tentativa de Golpe de Estado em Bissau.
A situação na Guine-Bissau, pelo menos no circulo restrito, é assolada com o dilema do vídeo que mostra como Nino foi morto. Divulgar, implica levar certas figuras as barras da justiça e que em reação podem retalhar. O novo Presidente, Malam Bacai Salam esta apostado na reconciliação nacional. Confirmou o capitão, Zamora Induta como Chefe do Estado Maior do Exercito e igualmente, António Indjai como adjunto daquele. Chamou recentemente, o Coronel Antero Correia para regressar ao SIE (Nunca foi exonerado do cargo de DG). Este por sua vez recusa-se, trabalhar com o DG adjunto, Samba Djaló. O Coronel Antero é um dos quadros letrados na segurança, tem formação em direito. Do grupos dos detidos, na seqüência das mortes de Baciro e Helder Proença, foi o único que não foi torturado pelas autoridades. Estava detido na base naval. Era próximo a Nino Vieira. já o seu adjunto o coronel Samba Djaló serviu a junta militar de Assumane Mane como responsável dos serviços de segurança. Hoje para alem de ser o DG adjunto do SIE também tutela os serviços da contra- inteligência militar.
Recentemente registou se pretensões de se postar no “youtube”, as imagens em referencia. Os familiares do falecido Presidente, segundo se diz, não fazem gosto da partilha do mesmo. Há relatos que antes de torturarem Nino Vieira houve tentativa de abuso contra, a primeira dama, Isabel Vieira ao que impulsionou o esposo, sair do seu esconderijo e render -se aos assassinos. Momentos, estes antecedidos de um telefonema feito ao embaixador angolano, Brito Sozinho alertando que estava sem hipótese de fugir devido ao cerco que se observava na sua residência.
Sobre o episódio dos vídeos, também se da razão aos que dizem que a historia repete-se. No inicio da década de noventa, Nino Vieira desentendeu-se com o major Robalo de Pina, o então chefe da casa militar da Presidência da República. Robalo pareceu morto no Gabinete presidencial. (Admitia-se que tinha sido baleado pelo próprio Nino). Na altura, o então Secretario da propaganda do PAIGC, Helder Proença , a pedido de Nino, contactou, o especialista de imagens, Jorge Quadros para fazer renovação do sistema de vigilância. Ao desmontar, este, teria guardado duas cassetes dentre as quais a gravação do assassinato do major Robalo. Usou-as para chantagear, em reação a falhas de pagamento aos seus serviços pela presidência. Em Agosto de 1993, Helder Proença pediu lhe as gravações, em sua posse. Não foi a tempo de entregá-las. Quadros apareceu morto.
De entre, todos os implicados na morte de Jorge Quadros, (Helder Proença, capitão «Bobo», da Contra-Inteligência Militar, e outros três), estava, o coronel, João Monteiro como principal acusado, ao tempo, Chefe da segurança do regime. Tal como na cumplicidade da eliminação do especialista português, o coronel João Monteiro também testemunhou a morte de Nino Vieira com que esteve reunido quando a casa do presidente foi invadida pelos militares. (comandados pelo coronel António Indjai e o major Tcham Na Man). Monteiro saiu ferido e mandou-se para o Senegal onde, de momento, vive.