Luanda - O futuro canal privado de televisão em Angola (Zimbo TV, designação prevista), para cujo lançamento e exploração foi garantida a participação de José Eduardo Moniz, faz parte de um projecto multimedia conotado com personalidades do círculo presidencial, o qual deverá estar operacional, na sua plenitude, antes das eleições presidenciais de 2010.
JE Moniz aceitou participar no projecto no seguimento de contactos que incluíram pelo menos duas viagens a Luanda. O seu principal interlocutor foi o Gen M H Vieira Dias “Kopelipa”, chefe da Casa Militar do PR, animador do projecto e supostamente um dos investidores. Outro é o porta-voz presidencial, Aldemiro Vaz da Conceição.
"Lopo do Nascimento e João de Matos recusaram participar como investidores"
A participação de JE Moniz no projecto (consultoria e acompanhamento), é feita em associação com Bernardo Bairrão, administrador da NBP, conforme sua sugestão. Ambos constituíram para o efeito uma empresa, a “Dynamic”, da qual também faz parte Fernando Maia Cerqueira. Não está apurado se a TVI tem ou poderá vir a ter participação no projecto.
A empresa angolana criada para promover o projecto multimedia, no seu conjunto, é a Medianova. Além do canal televisivo (existência ainda dependente de uma alteração de legislação que veda o exercício da actividade a privados), está prevista uma emissora de rádio, um jornal diário, dois semanários e duas revistas temáticas.
Dois jornalistas veteranos, ambos nascidos em Angola, Manuel Ricardo Ferreira e Carlos Blanco, encontram-se em Luanda contratados para trabalhar no âmbito do lançamento do projecto. FM Cerqueira, sócio de João Líbano Monteiro, dono de uma empresa de comunicação, também prevê instalar-se em Luanda.
O projecto da Medianova remonta a fins de 2006. Para Jan.2007 chegou a estar previsto o lançamento do jornal diário, Diário de Angola, bem como do semanário. Estavam então em fase de acabamento instalações próprias, no Cacuaco – entretanto concluídas e já equipadas (rotativa francesa de grande capacidade).
À data, os dinamizadores do projecto eram já o Gen M H Vieira Dias “Kopelipa” e AV da Conceição. Mas, na qualidade de investidores, estavam ligados ao mesmo várias personalidades do regime, entre as quais o actual CEMGFA, Gen Francisco Pereira Furtado e o seu adjunto, Gen Sachipengo Nunda.
Lopo do Nascimento e o antigo CEMGFA, Gen João de Matos, convidados a participar com investidores, ter-se-ão escusado. O principal administrador da Medianova era Mário Inglês, um engenheiro formado em petróleos nos EUA, com ligações estreitas a José Eduardo dos Santos (JES).
Para lançar os projectos jornalísticos previstos para 2007 a Medianova contratou, como DG de Publicações, o jornalista luso-angolano Artur Queirós, então a residir em Portugal. Por sugestão do mesmo foram recrutados outros 10 profissionais da comunicação social portugueses.
A contratação de A Queirós e dos restantes profissionais (Hernani Carvalho, Miguel Braga, Gizela Coelho, Dulce Rodrigues, entre outros), deu azo a celeuma de inspiração xenófoba na imprensa privada angolana. Por reflexo disso A Queirós desligou-se do projecto e nenhum dos outros profissionais chegou a partir para Luanda.
As vicissitudes que afectaram o arranque dos projectos iniciais da Medianova são atribuídas a obstruções e a atitudes de má vontade do MPLA, na pessoa do secretário para a Informação, Kwata Kanaua. O ministro da Comunicação Social, Manuel
Rabelais, muito ligado àquele, chegou a recusar a inscrição da Medianova como empresa jornalística.
O MPLA, embora indirectamente, apareceu já em 2008 ligado ao lançamento de um novo semanário, Novo Jornal, em cuja empresa proprietária o BESA tem uma participação societária. O administrador da mesma, em representação do BESA, é um quadro angolano com funções de administrador da Escom, Eugénio Neto.
A Queirós é actualmente assessor do DG do Jornal de Angola, José Ribeiro. O Jornal de Angola é, na prática, controlado pela PR, através do porta-voz, AV da Conceição. Ultimamente, o Gen M H Vieira Dias “Kopelipa” promoveu ou ajudou a promover o lançamento de alguns jornais privados – Independente, Visão e Factual.
Fonte: Africa Monitor