Luanda - A concessionária Lobito Atlantic Railways (LAR) deverá operar já em março. Em dezembro chegou ao Lobito um comboio inaugural. Os angolanos esperam o desenvolvimento da região, mas críticos dizem que esperam para ver.

Fonte: DW

No último dia de 2023, chegou ao Lobito um comboio experimental da concessionária Lobito Atlantic Railways (LAR). Veio da República Democrática do Congo (RDC) e vinha carregado com 960 toneladas de cobre. São as primeiras de muitas outras toneladas que os países da região esperam transportar pelo Corredor do Lobito, uma linha que liga as regiões mineiras da RDC ao porto do Lobito, em Angola, passando também pela Zâmbia.

Os líderes locais esperam que o corredor possa alavancar o desenvolvimento da região. O ministro dos Transportes de Angola, Ricardo de Abreu, desfaz-se em elogios ao projeto: "O Corredor do Lobito é crucial para o desenvolvimento de setores-chave como a mineração, a agricultura, a indústria, permitindo o transporte eficiente de matérias-primas e produtos acabados para os mercados regionais e internacionais.

Facilita o crescimento económico e o investimento", diz O Governo angolano espera que, com o Corredor do Lobito, o comércio floresça e surjam cada vez mais empresas. Os acordos de cooperação entre Angola, Zâmbia e RDC foram assinados a 4 de julho de 2023. E segundo a concessionária LAR, o projeto deverá ficar concluído até março deste ano.

Os populares na região esperam mais empregos. Porque os problemas são muitos, comenta o empresário Gerónimo Safuloca em declarações à DW. "Esta potencialidade deve ser manifestada na vida das pessoas, é isso que nós esperamos ver, porque há muitos pedintes, muitos meninos de rua, senhoras e senhores que passam por necessidades extremas", queixa-se.

Nelo Sumano, outro morador do Lobito, diz que só acredita nos benefícios do projeto do corredor quando vir: "É verdade que este está a ser um município muito cobiçado, até já ouvimos isso da boca do Presidente norte-americano, Joe Biden. O Lobito é muito falado. Mas para nada servem vários acordos se eles não se repercutem na vida das pessoas."

No município do Lobito faltam ainda muitas coisas, lembra o ativista dos Direitos Humanos, Florence Kapita. "Os moradores do município do Lobito sofrem com vários problemas sociais, como por exemplo a falta de água, a falta de luz da rede pública em certas zonas, saneamento básico. Então, com essa cooperação pode-se aproveitar para resolver certos problemas sociais por que os munícipes do Lobito estão a passar", entende.

O gestor do município ferro-portuário do Lobito, Evaristo Kalopa Mário, acredita que sim, o projeto na região trará mais empregos: "Vai permitir o intercâmbio entre os empresários angolanos e dos países ligados pelo corredor e não só, efetivando um ambiente de negócios que permitirá o desenvolvimento e crescimento económico de cada um dos intervenientes nessa cadeia económica e mercantil". Mas Avelino Canjamba José, secretário do maior partido da oposição, a UNITA, na província de Benguela, diz que tem muitas dúvidas sobre se o Corredor do Lobito trará realmente o crescimento económico desejado.

"Se nós na província de Benguela não ficarmos atentos, correremos o risco de não aproveitar muita coisa do Corredor do Lobito. Os outros países aproveitarão melhor este corredor, porque vão encontrar espaço para escoar os seus produtos", acredita José.