Luanda - Sabemos que o Chefe de Estado esta a caminho da República Popular da China. Trata-se da segunda visita do Chefe de Estado à China em pouco mais de um mês. O Presidente João Lourenço esteve em Pequim no princípio do mês passado, onde participou no 3o Fórum de Cooperação China-África.

Fonte: Club-k.net

Enquanto isso, a China, a segunda maior economia do mundo, esta a intensificar a Computação Quântica e a Inteligência Artificial em busca de autossuficiência tecnológica. Além de intensificar os esforços em big data e inteligência artificial (IA), a China pretende lançar uma série de importantes programas de ciência e tecnologia, para cumprir os principais objetivos estratégicos e de desenvolvimento industrial.


Importa realçar que a China, esta a aproveitar plenamente todos os pontos fortes do novo sistema para mobilizar recursos em todo o país, para aumentar a capacidade de inovação em todos os níveis. Nota-se que nos últimos anos, Pequim tornou-se já autossuficiente tecnologicamente como uma prioridade dominante, principalmente por conta das tensões comerciais com os Estados Unidos, que restringiram as exportações de chips e alguns outros componentes para a China.


Assim para melhorar a segurança nacional, e a resiliência económica, a China busca a todo custo estimular as capacidades de inovação nacionais e diminuindo a dependência de fornecedores estrangeiros. E também tem havido uma grande ênfase cada vez maior e mais sobre o papel do governo na orientação de recursos para ajudar a alcançar este objetivo. A ênfase deste ano em tecnologias emergentes como a IA não é surpreendente, e está em linha com a Conferência Central de Trabalho Económico do ano passado, onde a construção de autossuficiência e força na tecnologia e a melhoria da resiliência e do nível de segurança das cadeias de abastecimento, foram identificadas como principais prioridades para o trabalho do governo em 2024 e além.


Para muitos como eu, que seguimos a economia e politica chinesa, desde o ano passado, notamos que o Partido Comunista no poder recebeu mais poder na elaboração de políticas relacionadas com a tecnologia, parte de uma reestruturação governamental mais ampla. Sendo que a China estabeleceu uma nova comissão de tecnologia sob o controle do Partido Comunista, subordinando o ministério da ciência e tecnologia à comissão, transferindo efetivamente algumas das funções anteriores do ministério.


Isto, pode muito bem significar que, o governo vê esta centralização como uma redução dos custos de coordenação e um aumento da eficácia de direcionar o desenvolvimento tecnológico chave. Talvez o efeito negativo disso, pode ser o facto de que, o fluxo de informação necessária para implementar políticas eficazes poderá diminuir com a esta centralização e, portanto, provavelmente agravará o problema existente de assimetrias de informação entre os ministérios centrais e outros intervenientes.


A China também busca incentivar mais cientistas e equipes de inovação de primeira classe e melhorar os mecanismos para identificar e estimular inovadores de alto nível.
Do outro lado do mundo, existe um Relatório da ONU que aponta que novas tecnologias representam um mercado de 350 bilhões de dólares. O Relatório de Tecnologia e Inovação de 2021 chamava a atenção para a nova onda de tecnologias de ponta que aproveitam as vantagens da digitalização e conectividade. Foi apontado neste relatório que a inteligência artificial, internet das coisas, grandes

bancos de dados, blockchain, 5G, impressão 3D, robótica, drones, edição de genes, nanotecnologia e tecnologia fotovoltaica fazem parte desta nova onda de tecnologias. A China esta atenta, e Angola como tem procurado posicionar-se?


Os Estados Unidos, Suíça e Reino Unidos são as nações mais bem preparadas para estas novas tecnologias. Neste contexto, a China e a Índia, também estão tendo um bom desempenho em áreas como pesquisa e desenvolvimento como reflexo da oferta abundante de recursos humanos qualificados e altamente qualificados que existem nos dois paises. Os dois países contam com grandes mercados locais, que atraem investimentos de grandes multinacionais. No caso da China, o progresso é em parte atribuído ao gasto de 2% do Produto Interno Bruto (PIB) em pesquisa e desenvolvimento.


O gasto em pesquisa e desenvolvimento (P&D) é um indicador importante para medir o investimento de um país em inovação e avanço tecnológico. No caso de Angola, a situação é a seguinte:


Em 2023, Angola demonstrou um compromisso com o desenvolvimento e a inovação por meio do Plano de Desenvolvimento Nacional (PDN) 2023-2027. Este plano delineia estratégias para impulsionar o crescimento sustentável e melhorar a qualidade de vida dos cidadãos. Alguns aspetos relevantes:

1. Consolidação da Paz e Reforma do Estado:

o O PDN visa fortalecer o Estado democrático de direito, modernizando a administração pública, promovendo a cidadania e descentralizando a governança1.
o Iniciativas incluem capacitação da administração pública, promoção dos direitos humanos e combate à corrupção1.

2. Desenvolvimento Equilibrado do Território:
o O plano enfatiza o ordenamento do território, habitação e infraestrutura. Programas visam melhorar a qualidade de vida e a distribuição equitativa de recursos1.
o Projetos incluem construção e manutenção de edifícios públicos, infraestruturas rodoviárias e ordenamento urbano.

3. Capital Humano, Educação e Inovação:
o A promoção do empreendedorismo e inovação é parte integrante do PDN. Isso envolve expandir o acesso à educação, saúde e habilidades técnicas, bem como estimular a cultura e o desporto.

o Programas abrangem modernização do sistema de ensino, formação de quadros e pesquisa científica e tecnológica.

Apesar desses esforços, é importante notar que Angola ainda enfrenta desafios. No Índice Global de Inovação de 2023, o país ficou em último lugar, com 10,3 pontos, indicando a necessidade contínua de investir em inovação e pesquisa. No entanto, o PDN 2023-2027 representa um passo significativo em direção ao desenvolvimento sustentável e à estabilidade econômica.


Que a China, seja uma escola e valor acrescido a todo esse esforço que o Executivo tem feito, para que sejamos uma Angola desenvolvida e autossuficiente tecnologicamente. Isso só será possível se houver empenho e dedicação dos atuais governantes.