Luanda - O que é e como se manifesta o capacitismo?

Fonte: Club-k.net

O capacitismo é uma forma de discriminação baseada na ideia, segundo a qual, as pessoas com deficiência são inferiores ou menos capazes que aquelas sem deficiência.

 

Esse preconceito se manifesta de diversas maneiras na sociedade, desde atitudes sutis até políticas institucionais que limitam o acesso e a participação plena e efectiva das pessoas com deficiência.

 

Uma das formas mais comuns de capacitismo é a falta de acessibilidade nos espaços públicos, como a falta de rampas para usuários de cadeiras de rodas, ausência de legendas em vídeos ou imagens televisivas, bem como a falta de intérpretes de língua de gestual, também em eventos, para pessoas com deficiência auditiva, ou falta de informação em braille, bem como sistema sonoro, nas instituições ou espaços públicos, para beneficiar pessoas com deficiência visual.

 

Essas barreiras físicas e comunicacionais impedem que pessoas com deficiência participem plenamente e efectivamente na vida da sociedade.

 

Além dos exemplos acima, o capacitismo também se manifesta em estereótipos e preconceitos que desvalorizam as competências ou capacidades e contribuições das pessoas com deficiência, o que pode levar à exclusão social, política, dificuldade de acesso ao mercado de trabalho(exclusão econômica) e falta de oportunidades educacionais ou formativas.

Mais exemplos de expressões e comportamentos capacíssitistas

- Usar termos depreciativos como "retardado", "maluco" ou "débil mental";


- ⁠Fazer piadas ou comentários que desvalorizam ou ridicularizam pessoas com deficiência;

- ⁠Acreditar que as pessoas com deficiência são menos capazes ou menos inteligentes;

- ⁠Ignorar as necessidades e opiniões das pessoas com deficiência nas decisões que as afectam;

- ⁠Tratar as pessoas com deficiência de forma infantilizada ou condescendente;

- ⁠Limitar as oportunidades de educação, emprego ou participação na sociedade com base na deficiência;

- ⁠Usar termos como "andar como um aleijado" ou "ver como um cego", associando características negativas à deficiência;

- ⁠Excluir pessoas com deficiência de actividades sociais ou culturais por, supostamente, não se adequarem aos padrões convencionais;

- ⁠Desacreditar as experiências e as lutas das pessoas com deficiência, invalidando as suas vozes, representatividade e perspectivas ou opiniões.

Dizer que uma pessoa com deficiência não conseguirá exercer determinada função, pelo facto de o ser, como me aconteceu por ocasião de uma candidatura a um cargo, É CAPACITISMO.

 

Também é comum, pelo menos acontece muitas vezes comigo, as pessoas associarem qualquer intervenção ou acção pública de uma pessoa com deficiência - reivindicando a inclusão - à ambição por algum cargo. Isso é capacitismo, na medida em que o mesmo não acontece com as pessoas sem deficiência.

Como combater o capacitismo?

Para combater o capacitismo, é fundamental promover a consciencialização e a educação sobre a diversidade e as necessidades das pessoas com deficiência. Isso requer a definição e implementação de políticas inclusivas, a fiscalização eficaz do cumprimento das leis das acessibilidades, de reserva de vagas para a contratação de pessoas com deficiência(empregabilidade), a promoção de uma cultura de respeito, valorização da diversidade e a participação política desse grupo minoritário em Angola e não só.

É importante reconhecer que todas as pessoas têm habilidades únicas e que a diversidade é um aspecto fundamental da sociedade. Pelo que, a deficiência é uma das diversas formas de ser e estar em qualquer sociedade.

 

Ao desafiar o capacitismo e promover a inclusão, podemos criar um país mais justo e equitativo para todas e todos.

 

Por: Adão Ramos, activista, defensor e formador dos direitos das pessoas com deficiência
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