Luanda - Pelos vistos, passados 36 anos, a Batalha do Cuito Cuanavale, que deveria ter terminado a 23 de Março de 1988, ainda não terminou, e até parece que nem sequer tem fim à vista, porque as barricadas foram reforçadas e os homens voltaram a envergar a farda e a entrincheirar-se em suas ideologias, lutando contundentemente pelo controlo político dos contornos da Batalha do Cuito Cuanavale. Nessa luta, tudo vale. Cada um tenta puxar a brasa para sua sardinha. Não há unanimidade quanto ao desfecho, às consequências, às razões, aos intervenientes, aos protagonistas, às vítimas, etc.. Muita pena!

Fonte: Club-k.net

Quando leio ou ouço as versões desta batalha, às vezes, me pergunto: para onde vamos como nação, se uma batalha que decorreu no século passado, até hoje, nos divide?

 

Nisto, os que mais aparecem para narrar episódios dos combates são aqueles que, naquela altura, andavam sentados nas bancadas, longe do teatro operacional. Eles não contam a verdade, mas sim narram o que gostariam que fosse verdade. Por isso, passados estes anos todos, pretendem apresentar-se como se fossem os protagonistas. Felizmente, não são. Os sobreviventes de ambos os lados: FAPLA e FALA, são muito bem conhecidos. Eles andam por aí, alguns deles, são nossos familiares, e contam com pormenores as suas histórias vividas no campo de batalha durante os meses de guerra. O que eles dizem não passa na TPA nem na Zimbo! Por quê?

 

Uma coisa é certa, o mito sobre a Batalha existe porque, primeiro, os pescadores de águas turvas inventaram histórias para fabricar verdades de uma Batalha que, afinal, não é o que se diz ser; segundo, porque ainda não nos reconciliamos de verdade nem nos reconhecemos como irmãos.

 

Até quando viveremos com estas mentiras, falsificações, deturpações e divisões entre angolanos? É uma pouca vergonha essa propaganda falaciosa que mais não visa senão perpetuar a divisão entre irmãos da mesma terra.

 

O tempo encarrega-se de corrigir toda a história mal contada. É o que vai acontecer com a Batalha do Cuito Cuanavale. A história encarregar-se-á de contar a verdade, e só a verdade.

Voltarei...

Luanda, 29 de Março de 2024.
Gerson Prata