Luanda - As senhoras comerciantes, proprietárias de bancadas de câmaras frigoríficas, na sua maioria membros da Organização da Mulher Angolana (OMA), braço feminino do MPLA, ameaçam para os próximos dias, a realização de manifestações contra supostas irregularidades na venda de peixe fresco por um empresário de nacionalidade eritreia, cuja caixa vende nos seus estabelecimentos abaixo do valor que se compra no Namibe e Benguela, o que para as senhoras tem causado muitos prejuízos.

Fonte: Club-K.net

Segundo as empresárias, caso as autoridades competentes não tomem medidas satisfatórias, a solução será, para além das manifestações de rua, o encerramento dos seus estabelecimentos comerciais (armazéns).

 

A descida da caixa de peixe nos mercados de Cafunfo faz com que as comerciantes grossistas tenham mais dificuldades na aquisição do peixe nas províncias do Namibe e Benguela, porque, afirmam, devido a tantos gastos faz com que as revendedoras aumentam os preços nos mercados de Cafunfo.

 

De acordo com a denúncia dos comerciantes grossistas, ouvidas pelo portal Rádio Angola, cada caixa de peixe carapau, corvina, lambula, taco taco, xoupa, frango, cavalo, e sardinha estão a comprar no município do Tômbwa acima de 29 mil kwanzas.

 

“No comércio ninguém compra para perder, todos comerciantes fazem compras para ter lucro, apesar de que também existe perdas e ganhos, mas não pode ser da obrigação de um capricho do cidadão eritreu, que deve baixar os preços e destruir o mercado por onde cada um tira pão de sustento”, disse uma das senhoras.

 

O descontentamento surge na sequência de comerciantes locais terem visto a redução de preços de peixe fresco numa altura em que todos os grossistas que importam peixe no Tombua-Namibe, compram cada caixa de peixe a 29 mil kwanzas.

 

“Todos nós compramos na mesma fonte, com os mesmos preços e, como podem confirmar as facturas de compra, não seria possível comprar uma caixa de peixe a 29 mil kwanza e temos de vendê-la a 26 mil kwanzas e de modo a perder os valores da compra”, lamentou outras senhora, para quem “podemos chamar qualquer economista para que nos mostre a vantagem e a desvantagem, para quem compra uma caixa de peixe a 29 mil e ao revender tem de se reduzir os preços”.

 

Por essa via, afirmam, ao comprar uma caixa de peixe a 29 mil kwanzas, “pagamos por cada caixa de peixe cinco mil kwanzas para ser transportada do Tombwa-Namibe e ou em Benguela, sem contar com outros gastos adicionais”.

 

Segundo as empresárias, comprar peixe no Namibe e Benguela no valor de 29 mil kwanzas e a ser revendida a 26 mil, mesmo que a loja fosse do Programa Alimentar Mundial, acreditamos que não teria chances para para vender nesse preço”.

 

“Senão vejamos, quem compra 600 caixas a 29 mil kwanzas, gasta mais 17.400.000 milhões de kwanzas, e se vender a caixa de peixe a 26 mil kwanzas, quanto é que este comerciante está a ganhar?”, questionam, acrescentando que para transportar temos gastado mais de um milhão de kwanzas para transportar mercadoria num caminhão contentorizado.

Um dos comerciantes, que preferiu não citar seu nome, disse à Rádio Angola que os camiões frigoríficos cobram a cada caixa de peixe a ser transportado até à sede mineira de Cafunfo são cinco a quatro mil kwanzas.

Segundo os grossistas, está a ser muito difícil obter lucros nas vendas do peixe em Cafunfo, atendendo aos gastos no transporte da mercadoria, que exige passar pelos vários pontos de províncias até chegar a Cafunfo.

Para um alguns membros da sociedade civil, “ninguém compra negócio para perder, o que administração e membros do comércio devem fazer é pegar nas facturas de cada um dos comerciantes grossistas, avaliar os preços de compra na fonte, avaliar o processo todo de compra, e os preços em que elas estão a vender, aí poderão encontrar solução para redução e ou subida de preços, e não só”.

“Estamos a pedir a quem de direito, e, ou seja, a governadora da Província, Dra Deolinda Vilarinho O’Dia Satula, para que intervenha nessa situação”, clamou outra comerciante, que revela que “a manifestação visa encerrar as nossas câmaras frigoríficas de modo a exigir que o governo local, convide todos comerciantes, e o referido empresário para sentarmos e chegar a um consenso, e caso não acontecer, iremos impedir abertura do estabelecimento do eritreu até que haja solução”.

O referido empresário da República da Eritreia, segundo testemunhas, é proprietário de cinco câmaras frigoríficas “e nesta altura está a montar uma nave e outras câmaras, assim onde nós iremos vender, senhora governadora da Lunda-Norte?”, questionou.

Santa Mulemessa, umas das grossista de frescos de um ponto de venda em Cafunfo, contou que os mercados estão quase sem clientes, e está a ser muito difícil vender duas ou mais de três caixas de peixe ao dia, visto que, segundo ela, “os preços praticados pelo o senhor empresário da Eritreia afugentam clientes nas nossas câmaras”.

“Essas câmaras que estão a ignorar são as mesmas que desde muito tempo apoiou as actividades do partido, e continua a apoiar, encerrando essas câmaras onde é que iremos tirar para estar apoiar as actividades do partido? No tempo desde o fim da guerra, fomos nós que temos nos sacrificado para trazer o peixe, a carne, na mesa dos cidadãos, onde é que esse estrangeiro andou?”, questionou.

“Senhora governador, pedimos encarecidamente que mande uma equipa para nos ouvir e resolver esta situação, pois quando tentamos reclamar às entidades locais, somos ameaçados de parar nas celas, por isso vamos sair às ruas para protestar contra o cidadão eritreu, que quer destruir nossos negócios”, disse.

Alertam que “as nossas câmaras, empregam muitos jovens em ambos os sexos, e se forem encerradas muitos vão perder o emprego, que tem servido para sustentar as suas famílias”.