Luanda - O conselho de honra do MPLA, um órgão que, em outros tempos, era símbolo de disciplina e unidade dentro do partido, decidiu recentemente aplicar alguns "puxões de orelhas" ao seu próprio líder, João Lourenço. Tal atitude, embora possa parecer um gesto de cautela, na verdade revela o desespero que assola o MPLA à medida que se aproxima o fim do mandato de João Lourenço. Em seu último discurso, JLO optou por atacar ferozmente a oposição interna e a UNITA, numa clara demonstração de fraqueza e de sua incapacidade de controlar a própria casa.

Fonte: Club-k.net

A grande verdade que João Lourenço se recusa a admitir publicamente é que, à luz dos Estatutos do MPLA e da Constituição da República de Angola, ele não poderá continuar na Presidência do partido, nem concorrer nas eleições de 2027. Diante desse inevitável cenário, João Lourenço , num último suspiro de autocrata, aventurou-se a propor a possibilidade de um terceiro mandato, contrariando a Constituição. Mas, desta vez, a sua jogada está bloqueada: o MPLA já não detém a maioria parlamentar necessária para manipular a Constituição a seu bel-prazer, mesmo que conte com o apoio dos seus partidos satélites como FNLA, PRS e PHA.

A presença robusta da UNITA na Assembleia Nacional, com 90 deputados conquistados por meio da Frente Patriótica Unida, é um baluarte contra as pretensões autoritárias de João Lourenço. E é essa resistência que tem levado os bajuladores do Presidente a lançar insultos contra figuras históricas do MPLA, como Dino Matross, Fernando da Piedade Nandó e Higino Carneiro. Estes homens, outrora pilares da estrutura do partido, hoje são alvos de uma campanha de difamação orquestrada por um líder que, em sua ambição desmedida, esquece-se do que é respeito e lealdade.

O MPLA, que governa Angola desde 1975, enfrenta agora uma crise sem precedentes. João Lourenço, cercado pelas consequências de seus próprios atos, parece estar isolado, sem saída, e sua única alternativa viável seria economizar o orgulho e buscar diálogo com Adalberto Costa Júnior, líder da UNITA, e outras lideranças políticas e cívicas. A realidade é clara: o MPLA chegou ao fim de seu ciclo histórico, e a transição pacífica de poder é a única via para evitar que Angola reviva tragédias do passado, como o fatídico 27 de Maio de 1977.

O povo angolano clama por paz, mas uma paz verdadeira só poderá ser alcançada através da alternância política. João Lourenço, em sua teimosia, pode ainda não enxergar isso, mas os dias da sua liderança estão contados, e o futuro de Angola depende de um novo caminho, longe dos fantasmas do autoritarismo e perto da liberdade que só a democracia pode proporcionar.

Por Hitler Samussuku